segunda-feira, 21 de maio de 2018

Como era a higiene no Palácio de Versalhes no século 17

Como era a higiene no Palácio de Versalhes no século 17?

Era uma imundície tremenda! Esqueça o glamour dos filmes: esse pessoal fazia cocô nos corredores, não tomava banho e não lavava as roupas

Na época, os cuidados com a limpeza eram precários na Europa. Até mesmo o Palácio de Versalhes tinha a fama de ser imundo, habitado por moradores que não tinham higiene. Sem saneamento básico, a população vivia em meio a sujeira e animais peçonhentos. E essa condição também foi uma das causadoras da pandemia de peste bubônica, ou Peste Negra, como ficou conhecida. Anteriormente, a doença, transmitida pela picada de pulga, dizimou um terço da população europeia, entre realeza e plebe, no século 14. Antes considerada um castigo de Deus, a peste trouxe o conceito de higiene pessoal ao mundo e, a passos lentos, mudou hábitos até formar as pessoas limpas e cheirosas que conhecemos hoje. Conheça abaixo os hábitos de uma sociedade que fugia do banho.
 (Irany santos - mestredahistoriaam)
1) Água da doença
As casas de banho, muito comuns na Europa medieval, foram fechadas durante o predomínio do cristianismo por incentivar atos de luxúria. Na época, também foi difundido que a sujeira era benéfica à saúde – teoria aprovada pela comunidade médica, que acreditava que a água abria os poros e deixava os indivíduos vulneráveis à doença
2) Banho familiar
Para ser considerado limpo, bastava lavar as mãos e o rosto. O banho de corpo inteiro era realizado, quando muito, uma vez por ano. Nessa ocasião, a família inteira se banhava no mesmo barril e com a mesma água – começando pelo pai, que era seguido pela mulher e pelos filhos, do mais velho ao mais novo. Até mesmo Luís XIV fugia do banho, se lavando apenas quando o médico recomendava. Ele se limpava com um pano com água, álcool ou saliva
3) Bafo de onça
Sem escova de dente ou pasta, as pessoas costumavam esfregar dentes e gengivas com panos, utilizando misturas de ervas para amenizar o mau hálito. Enxaguar a boca com água gelada ajudava a liberar o muco, mastigar aipo ou casca de cidra cortava o bafo e almíscar e folhas de louro funcionavam como antisséptico
4) Esponja de imundice
As roupas só eram trocadas quando estavam muito sujas e infestadas de pulgas, percevejos e traças. Eram feitas de linho, que absorvia o sebo junto com a transpiração, deixando o corpo purificado. Portanto, trocando de roupa, não era necessário tomar banho. Limpar as partes expostas (face, pescoço, mãos e braços) já era suficiente
 (Irany santos - mestredahistoriaam)
5) Sai, fedor
Tanto em Versalhes como nas casas comuns, os quartos eram varridos com uma espécie de vassoura de bambu, que só tirava o grosso da sujeira. Eram sempre úmidos e com cheiro de suor e a roupa de cama raramente era trocada. Para dar à luz, as camas eram forradas com lençóis velhos e sujos. Por isso, para amenizar o cheiro, substâncias odoríficas eram queimadas antes da hora de dormir
6) Faz no chão mesmo
Quartos com banheiros, fossas e sistemas de drenagem não eram comuns até o século 19. As pessoas faziam as necessidades em qualquer canto da rua e, no Palácio de Versalhes, não era diferente: os corredores e os jardins eram verdadeiros depósitos de dejetos. Um decreto de 1715 dizia que as fezes deveriam ser retiradas dos corredores uma vez por semana – o que significa que, antes, o recolhimento era menos frequente
  • 7) Lá vai água!
As necessidades fisiológicas feitas em penicos que ficavam nos quartos eram constantemente despejadas pelas janelas, podendo atingir qualquer desavisado que passasse no local na hora errada. A limpeza íntima era feita com folhas de sabugo de milho – ou com a mão mesmo
8) Madeixas sebosas
Fios oleosos eram sinônimos de cabelos saudáveis e brilhantes, por isso ninguém tinha o costume de lavar a cabeça. A infestação de piolhos era frequente e caçar os bichos na cabeça do outro era quase como um passatempo familiar. Em ocasiões especiais, os cortesãos e a realeza utilizavam perucas para dar uma aparência de limpeza
9) Produzidas no make
Se hoje a indústria de cosméticos fatura milhões é graças às mulheres fedidas daquela época. No final do século 16, surge o pó de arroz, que servia para mascarar as imperfeições do rosto – incluindo feridas causadas pela falta de higiene. Esponjas perfumadas eram colocadas nas axilas e nas partes íntimas e pastas de ervas eram aplicadas sobre a pele para mascarar o mau cheiro
CONSULTORIA Marta Pimenta Velloso, pesquisadora e professora da Escola de Saúde Pública da Fiocruz; Raphael de Abreu Meciano e Cíntia da Silva Yamanaka, do Centro de Memória de Saúde Pública da USP; Mary Del Priore, historiadora

Curiosidade sobre o palácio de versalhes

OLHA, PODE NÃO SER HIGIÊNICO, MAS QUE É INTERESSANTE, ISTO É.               
Curiosidades dos anos 1600 a 1700
        - Ao se visitar o Palácio de Versailles, em Paris, observa-se que o suntuoso palácio não tem banheiros. Na Idade Média, não existiam dentifrícios ou escovas de dente, perfumes, desodorantes, muitos menos papel higiênico. As excrescências humanas eram despejadas pelas janelas do palácio. Em dia de festa, a cozinha do palácio conseguia preparar banquete para 1.500 pessoas, sem a mínima higiene.

        - Vemos, nos filmes de hoje, as pessoas sendo abanadas. A explicação não está no calor, mas no mau cheiro que exalavam por debaixo das saias (que propositalmente eram feitas para conter o odor das partes íntimas, já que não havia higiene).

        Também não havia o costume de se tomar banho devido ao frio e à quase inexistência de água encanada. O mau cheiro era dissipado pelo abanador. Só os nobres tinham lacaios para abaná-los, para dissipar o mau cheiro que o corpo e boca exalavam, além de, também, espantar os insetos. Quem já esteve em Versailles admirou muito os jardins enormes e belos que, na época, não eram só contemplados, mas "usados" como vaso sanitário nas famosas baladas promovidas pela monarquia, porque não existia banheiro.

        - Na Idade Média, a maioria dos casamentos ocorria no mês de junho (para eles, o início do verão). A razão é simples: o primeiro banho do ano era tomado em maio; assim,em junho, o cheiro das pessoas ainda era tolerável. Entretanto, como alguns odores já começavam a incomodar, as noivas carregavam buquês de flores, junto ao corpo, para disfarçar o mau cheiro.Daí termos maio como o "mês das noivas" e a origem do buquê de noiva explicada.

        - Os banhos eram tomados numa única tina, enorme, cheia de água quente. O chefe da família tinha o privilégio do primeiro banho na água limpa. Depois, sem trocar a água, vinham os outros homens da casa, por ordem de idade, as mulheres, também por idade e, por fim, as crianças. Os bebês eram os últimos a tomar banho. Quando chegava a vez deles, a água da tina já estava tão suja que era possível "perder" um bebê lá dentro. É por isso que existe a expressão em inglês "don't throw the baby out with the bath water", ou seja, literalmente, "não jogue fora o bebê junto com a água do banho",que hoje usamos para os mais apressadinhos.

        - O telhado das casas não tinha forro e as vigas de madeira que os sustentavam era o melhor lugar para os animais - cães, gatos, ratos e besouros se aquecerem. Quando chovia, as goteiras forçavam os animais a pularem para o chão. Assim, a expressão "está chovendo canivete" tem o seu equivalente em inglês em "it's raining cats and dogs" (está chovendo gatos e cachorros).

        - Aqueles que tinham dinheiro possuíam pratos de estanho. Certos tipos de alimento oxidavam o material, fazendo com que muita gente morresse envenenada (lembremos-nos de que os hábitos higiênicos, da época, eram péssimos). Os tomates, sendo ácidos, foram considerados, durante muito tempo, venenosos. Os copos de estanho eram usados para beber cerveja ou uísque. Essa combinação, às vezes, deixava o indivíduo "no chão" (numa espécie de narcolepsia, induzida pela mistura da bebida alcoólica com óxido de estanho). Alguém que passasse pela rua poderia pensar que ele estivesse morto e, assim, recolhia o corpo e preparava o enterro. O corpo era, então,colocado sobre a mesa da cozinha por alguns dias e a família ficava em volta, em vigília, comendo, bebendo e esperando para ver se o morto acordava ou não. Daí surgiu o velório, que é a vigília junto ao caixão.

        - A Inglaterra é um país pequeno, onde nem sempre havia espaço para se enterrarem todos os mortos. Então, os caixões eram abertos, os ossos retirados e postos em ossários e o túmulo utilizado para outro cadáver. Às vezes, ao abrirem os caixões, percebia-se que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo. surgiu, assim, a idéia de, ao se fechar o caixão, amarrar uma tira no pulso do defunto, passá-la por um buraco feito no caixão e amarrá-la a um sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo, durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento de seu braço faria o sino tocar. E ele seria "saved by the bell", ou "salvo pelo gongo",expressão usada por nós até os dias de hoje.

Prof.Irany santos é graduado em história e sociologia,especialista em ciências da educação pela universidade monte negro-Bahia, mestre em ciências da educação pela grendel college and university- UK. Atualmente trabalha como professor  de história do sistema adventista de ensino e faculdade de teologia do Brasil - FATEBRAS.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Grandes Navegações


Navegações portuguesas, pioneirismo português, Vasco da Gama e a chegada às Índias, instrumentos de navegação, bússola, astrolábio, descobrimentos marítimos, viagem de Cristóvão Colombo, viagem de Pedro Álvares Cabral, Escola de Sagres


Caravela Portuguesa da Época das Grandes Navegações
Caravela Portuguesa da Época das Grandes Navegações

Introdução

Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-se nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico com dois objetivos principais: descobrir uma nova rota marítima para as Índias e encontrar novas terras. Este período ficou conhecido como a Era das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos.

Os objetivos

No século XV, os países europeus que quisessem comprar especiarias (pimenta, açafrão, gengibre, canela e outros temperos), tinham que recorrer aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam o monopólio destes produtos. Com acesso aos mercados orientais - Índia era o principal - os burgueses italianos cobravam preços exorbitantes pelas especiarias do oriente. O canal de comunicação e transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso direto às fontes orientais, para poderem também lucrar com este interessante comércio.

Outro fator importante, que estimulou as navegações nesta época, era a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras. Eles queriam isso para poder obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois, significaria novos fiéis.

Os reis também estavam interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com o aumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus reinos. Mais dinheiro significaria mais poder para os reis absolutistas da época (saiba mais em absolutismo e mercantilismo).

Pioneirismo português

Portugal foi o pioneiro nas navegações dos séculos XV e XVI devido a uma série de condições encontradas neste país ibérico. A grande experiência em navegações, principalmente da pesca de bacalhau, ajudou muito Portugal. As caravelas, principal meio de transporte marítimo e comercial do período, eram desenvolvidas com qualidade superior à de outras nações. Portugal contou com uma quantidade significativa de investimentos de capital vindos da burguesia e também da nobreza, interessadas nos lucros que este negócio poderia gerar. Neste país também houve a preocupação com os estudos náuticos, pois os portugueses chegaram a criar até mesmo um centro de estudos: A Escola de Sagres.

Planejamento das Navegações

Navegar nos séculos XV e XVI era uma tarefa muito arriscada, principalmente quando se tratava de mares desconhecidos. Era muito comum o medo gerado pela falta de conhecimento e pela imaginação da época. Muitos acreditavam que o mar pudesse ser habitado por monstros, enquanto outros tinham uma visão da terra como algo plano e, portanto, ao navegar para o "fim" a caravela poderia cair num grande abismo.

Dentro deste contexto, planejar a viagem era de extrema importância. Os europeus contavam com alguns instrumentos de navegação como, por exemplo: a bússola, o astrolábio e a balestilha. Estes dois últimos utilizavam a localização dos astros como pontos de referência.

Também era necessário utilizar um meio de transporte rápido e resistente. As caravelas cumpriam tais objetivos, embora ocorressem naufrágios e acidentes. As caravelas eram capazes de transportar grandes quantidades de mercadorias e homens. Numa navegação participavam marinheiros, soldados, padres, ajudantes, médicos e até mesmo um escrivão para anotar tudo o que acontecia durantes as viagens.

Navegações portuguesas e os descobrimentos

O início da expansão marítima portuguesa teve início com a conquista de Ceuta, localizada no norte do continente africano, em 1415.

No ano de 1498, Portugal realiza uma das mais importantes navegações: é a chegada das caravelas, comandadas por Vasco da Gama às Índias. Navegando ao redor do continente africano, Vasco da Gama chegou à Calicute e pôde desfrutar de todos os benefícios do comércio direto com o oriente. Ao retornar para Portugal, as caravelas portuguesas, carregadas de especiarias, renderam lucros fabulosos aos lusitanos.

Outro importante feito foi a chegada das caravelas de Cabral ao litoral brasileiro, em abril de 1500. Após fazer um reconhecimento da terra "descoberta", Cabral continuou o percurso em direção às Índias.

Em função destes acontecimentos, Portugal tornou-se a principal potência econômica da época.

Navegações Espanholas

A Espanha também se destacou nas conquistas marítimas deste período, tornando-se, ao lado de Portugal, uma grande potência. Enquanto os portugueses navegaram para as Índias contornando a África, os espanhóis optaram por outro caminho. O genovês Cristóvão Colombo, financiado pela Espanha, pretendia chegar às Índias, navegando na direção oeste. Em 1492, as caravelas espanholas partiram rumo ao oriente navegando pelo Oceano Atlântico. Colombo tinha o conhecimento de que nosso planeta era redondo, porém desconhecia a existência do continente americano. Chegou em 12 de outubro de 1492 nas ilhas da América Central, sem saber que tinha atingido um novo continente. Foi somente anos mais tarde que o navegador Américo Vespúcio identificou aquelas terras como sendo um continente ainda não conhecido dos europeus. Em contato com os índios da América (maias, incas e astecas), os espanhóis começaram um processo de exploração destes povos, interessados na grande quantidade de ouro. Além de retirar as riquezas dos indígenas americanos, os espanhóis destruíram suas culturas.

Indicação de filme sobre o tema:
 1492 A conquista do paraíso

terça-feira, 8 de maio de 2018

O apartheid

Apartheid


O Apartheid (em africâner significa "separação") foi um regime de segregação racialque ocorreu na África do Sul a partir de 1948, o qual privilegiava a elite branca do país, que perdurou até as eleições presidenciais de 1994, ano em que ascendeu ao poder Nelson Mandela, o maior ícone de liderança da África Negra, que pôs fim ao regime segregacionista, lutando pela igualdade racial na África do Sul.

História do Apartheid: Resumo

Os primeiros europeus a constituírem colônias no sul do continente africano foram os holandeses, os quais empregavam em suas plantations no litoral o trabalho escravo dos autóctones. Por conseguinte, a colônia do Cabo foi tomada pelo Reino Unido em 1800 e, já em 1892, foi limitado o sufrágio dos negros com base no nível de instrução e nos recursos financeiros que possuíam. No ano de 1894, os indianos foram privados de seu direito de voto e, em 1905, foi a vez dos negros serem espoliados do direito de voto e terem sua circulação restringida a determinadas áreas.
Com a guerra entre ingleses bôeres, tivemos a capitulação entre as duas repúblicas e, no ano de 1910, uma Constituição negociada entre bôeres e ingleses criou a "União Sul-Africana", abrindo espaço para o regime do Apartheid, apesar da fundação do Congresso Nacional Africano, partido político criado em 1912 para defender os direitos dos negros.
O regime do apartheid iniciou-se no período colonial, contudo, é tratado oficialmente a partir das eleições gerais de 1948, quando a nova legislação passou a segregar os habitantes em grupos raciais ("negros", "brancos", "de cor" e "indianos").
Posteriormente, num processo iniciado em 1990 pelo presidente Frederik Willem de Klerk, por meio de negociações para acabar com o regime racista, teremos eleições democráticas em 1994, que foram vencidas pelo Congresso Nacional Africano, sob o comando de Nelson Mandela.
Do ponto de vista ideológico, vale dizer que o Apartheid nasceu a partir do conceito romântico de "nação", o mesmo utilizado pelo pensamento fascista, estabelecendo uma hierarquia racial e um labirinto legal de discriminação racial na África do Sul.

O Apartheid e as Nações do Mundo

Toda esta prática racista e excludente acarretou em violência e um expressivo movimento de resistência interna, bem como um duradouro embargo comercial contra a África do Sul. Como efeito colateral mais marcante, podemos citar o protesto contra as Leis do Livre Trânsito, em 21 de março de 1960, o qual acabou em tragédia, matando 69 manifestantes e ferindo 180.
Como consequência, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, em 6 de novembro de 1962, a Resolução 1761, reprovando as práticas racistas do regime sul-africano e demandando que os países signatários da ONU cortassem as relações militares e econômicas com a África do Sul.
Assim, internacionalmente, a África do Sul ficou isolada, quando, em 1978 e 1983, inicia-se um forte bloqueio à África do Sul, o qual pressionava empresários e empreendedores a rejeitarem qualquer investimento naquele país, bem como proibiu os times esportivos da África do Sul de participarem em eventos internacionais.
Em consequência, no ano de 1984, algumas reformas foram introduzidas, mas, na realidade, entre 1985 e 1988, eventos de extrema violência contra os povos oprimidos tornam-se corriqueiros, mas leis de censura impedem a mídia de divulgá-los.
Nelson Mandela contra o Apartheid
O personagem mais icônico desse regime fora Nelson Mandela (1918-2013), o qual foi considerado culpado de traição em 1963, sendo condenado a pena de prisão perpétua na Ilha Robben, onde cumpriu 27 anos de cárcere. Com a abertura política e anistia, foi eleito presidente e conduziu o processo de redemocratização da África do Sul.
As Leis do Apartheid
  • Lei de Terras Nativas de 1913, que divide a posse da terra na África do Sul por grupos raciais;
  • Lei sobre Nativos em Áreas Urbanas de 1918, a qual passa a obrigar os negros a viverem em locais específicos;
  • Lei de Proibição dos Casamentos Mistos de 1949, que torna ilegal o casamento entre pessoas de raças diferentes;
  • Lei de Registro Populacional, de 1950, que formalizou a divisão racial através da introdução de um cartão de identidade diferenciado por raças;
  • Lei de Áreas de Agrupamento, de 1950, determinando onde cada um viveria de acordo com sua raça;
  • Lei de Auto-Determinação dos Bantu, de 1951, a qual cria arcabouços governamentais distintos para cidadãos negros;
  • Lei de Reserva dos Benefícios Sociais, de Em 1953, que determina quais locais públicos poderiam ser reservados para determinadas raças.

O Apartheid na Prática

  • Não-brancos eram recusados a se candidatarem e não podiam votar;
  • Os negros eram proibidos de ingressar em diversos empregos e também não podiam empregar trabalhadores brancos;
  • A terra atribuída aos negros era, via de regra, muito improdutiva e não permitia a subsistência digna;
  • educação provida aos negros era de péssima qualidade e voltada ao mercado de trabalho braçal;
  • Trens e ônibus eram segregados, bem como as praias, piscinas públicas e bibliotecas e cinemas;
  • Sexo inter-racial era proibido.

Fim do Apartheid

A despeito do movimento do Apartheid ter acabado em 1994, quando Nelson Mandelaascendeu ao cargo de Presidente da África do Sul, problemas como a miséria, a injustiça e a desigualdade ainda são comuns no país. Após as eleições de Mandela, a população branca, se viu destituída de poderes, os quais durante quatro décadas esteve concentrado nas mãos da elite branca do país.
Assim, o regime segregacionista do apartheid privilegiou os interesses da minoria branca, primeiramente dos descendentes de europeus que ocupavam o país; em 2014, completa 20 anos desde a entrada de Mandela no poder (1994) e o fim do regime do apartheid.
Entretanto, apesar de muitas questões terem sido resolvidas, desde a inclusão dos negros na política, economia, aumento de programas sociais, diminuição da miséria, a insatisfação da população ainda persiste diante do contexto atual: péssimas condições de vida, aumento da desigualdade econômica, social, cultural, e ainda, o desemprego que cresce a cada ano.
Mandela deixou bem claro que a intenção dele, durante toda sua vida, não era de criar um outro regime segregacionista, separando a minoria branca da maioria negra; a ideia central do líder era proporcionar uma sociedade igualitária para todas as pessoas, independente do credo, religião, cor, etc.
Para tanto, estudos apontam que o problema da segregação racial ainda persiste na África do Sul, onde muitos brancos, com receio de ataques, já resolveram deixar o país, consequência essa gerada pelo aumento da violência inter-racial; embora a minoria branca ainda domine grande parte da cena política e econômica do país. É salutar ressaltar que os imigrantes, sobretudo chineses e indianos, sofreram também com o regime do apartheid, e ainda hoje, lidam com a xenofobia no país.
Guardada as devidas proporções, podemos comparar a herança do Apartheid, que ainda persiste em diversos locais da África do Sul, tal qual o racismo no Brasil, herdado da época colonial, mediante um sistema escravista que imperou no país por mais de 300 anos (1530 - 1888) e que continua, até os dias de hoje, como um reflexo histórico da discriminação racial.