sexta-feira, 16 de agosto de 2019

O governo Lula

governo Lula compreende os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2010.
Sua administração tirou milhares de pessoas da pobreza absoluta, porém foi marcada por casos de corrupção como o mensalão.
Apesar disso, Lula conseguiu eleger sua sucessora, a ex-ministra Dilma Rousseff.

Economia no Governo Lula

O governo Lula continuou a política econômica do seu antecessor, o presidente Fernando Henrique Cardoso. Manter a inflação controlada e o real estável seguiu sendo a prioridade do governo.
Lula e FHC durante a posse em 2003
Lula e FHC durante a posse em 2003
Lula também contou com o cenário exterior favorável quando a China e a Índia começaram a crescer, abrir seus mercados e consumir mais. Isto gerou o aumento de exportação de matérias-primas e das commodities brasileiras.
Igualmente, quando a crise econômica começou em 2008 nos Estados Unidos e na Europa, o Brasil não foi tão atingido. O governo diminuiu certos impostos, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que tributa sobre os eletrodomésticos, por exemplo.
Assim, as indústrias não repassaram o aumento para o consumidor fazendo com que o mercado interno ajudasse a manter a economia brasileira estável.
Por causa desta crise e do bom momento que atravessava a economia brasileira, empresários e trabalhadores estrangeiros começaram a vir ao Brasil para investir e tentar a vida por aqui.
Neste período, também foram realizados os Jogos Pan-americanos (2007) com vistas a conquistar o direito de sediar os Jogos Olímpicos.
O Brasil conseguiu ter aprovada sua candidatura para realizar a Copa do Mundo (2010), os Jogos Militares (2011), os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (2015), e as Olimpíadas e Paraolimpíadas (2016).
A construção de estádios e infraestruturas necessárias para abrigar estes eventos impactaram positivamente na economia local. Do mesmo modo, contribuíram para projetar a imagem de um Brasil próspero e estável no exterior.

Programa de Aceleração do Crescimento

Em 2007, o governo lança o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) com o fim de incrementar as infraestruturas do país.
O presidente Lula escolhe a ministra Dilma Rousseff para estar à frente deste plano e assim aumentar sua visibilidade e ter condições de construir uma candidatura forte nas eleições presidenciais de 2010.
Mais tarde, o programa foi desdobrado a fim de alcançar outras áreas que necessitavam atenção, como a infância, habitação e cidades históricas. A verba para custear estes programas viria do governo federal e de empresas privadas.
Estas empreiteiras, para conseguir contratos e vencer licitações, pagavam subornos a deputados e senadores. Em certas ocasiões, os próprios políticos cobravam algum tipo de propina para liberar obras. Isto se tornaria um dos maiores escândalos do governo Lula que seria descoberto durante o governo Dilma.

Programas Sociais no Governo Lula

No seu discurso de posse em 2003, o presidente Lula lembrou que vários cidadãos brasileiros ainda não eram capazes de fazer três refeições por dia. Por conseguinte, ele convocava todos a se unirem ao combate contra a fome.
Assim, o governo pôs em marcha vários programas sociais, cuja grande estrela seria o Bolsa-Família (2004) onde a renda era transferida diretamente para as famílias.
Os beneficiados deveriam cumprir certos requisitos, como ter renda mensal de 85 a 175 reais, ter gestantes ou filhos de 0 a 17 anos entre os membros familiares. O valor recebido pelas famílias variava entre 35 a 176 reais mensais. Em contrapartida, a família se comprometeria em manter os filhos na escola e ir ao médico regularmente.
Este programa foi um dos maiores êxitos do governo, pois a pobreza extrema foi reduzida em 75% no Brasil, entre 2001 e 2014, segundo dados da FAO.
Embora tenha sido criticado pela oposição como clientelista, o fato é que muitas famílias puderam ter acesso a alimentos, material escolar e roupas pela primeira vez.

Educação no Governo Lula

Para a educação, o governo Lula preparou um plano onde se buscava democratizar o acesso à escola em todos os níveis e em todo território nacional. Foi instituído o Fundeb (2007) a fim de auxiliar o financiamento e a expansão da educação básica.
No ensino superior promoveu a ampliação de bolsas para o mestrado e o doutorado, com o intuito de aumentar em 5% o número de professores qualificados das universidades.
O acesso das camadas mais pobres da população ao ensino superior foi ampliado através do sistema de cotas sociais e raciais adotado por 20 universidades federais de 14 Estados.
Em 2009, foi criado o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que escolhe alunos para vagas em universidades federais através da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Com isso, um estudante de qualquer estado do país teve a oportunidade de cursar uma universidade federal de outro, sem a necessidade de fazer mais um exame.
O governo ainda abriria 14 novas universidades federais para aumentar as vagas. Entretanto, ao mesmo tempo, permitiu que as universidades privadas crescessem graças aos programas de financiamento de bolsas públicas em universidades particulares através do Prouni (Programa Universidade para Todos) criado em 2005.

Política Externa no Governo Lula

No campo da política externa, o governo Lula fez promoveu visitas a vários países. Também participou de Fóruns internacionais como o de Davos e o G-20, onde Lula apoiou a entrada da Rússia neste organismo.
Além disso, manteve uma agenda de cooperação com países como a China, Índia, Rússia e África do Sul, que resultou na aliança econômica BRICS.
Nas relações internacionais foram privilegiados os países da América do Sul através do acercamento estratégico entre os presidentes Lula, Néstor Kirchner e Hugo Chávez. Esta aliança tinha objetivos mais pragmáticos – construções de refinarias, investimentos na Argentina – que ideológicos.
Néstor Kirchner, presidente da Argentina, Lula e Hugo Chávez, da Venezuela, em 2006
Néstor Kirchner, presidente da Argentina, Lula e Hugo Chávez, da Venezuela, em 2006
A África também foi um alvo excepcional para o presidente como atestam as 19 embaixadas abertas neste continente, seguido de um incremento nas trocas comerciais. Em 2002, o intercâmbio do Brasil com o continente somava US$ 5 bilhões; em 2008, passou para US$ 26 bilhões.
Lula também perdoou a dívida externa de vários países africanos, entre os quais a Nigéria, a fim de promover a cooperação Sul-Sul.
Todas essas medidas tinham como objetivo forçar uma reforma na ONU e alcançar um assento permanente no Conselho de Segurança deste órgão.
Apesar do esforço, o Brasil não obteve o desejado posto, mas viu suas trocas comerciais aumentarem com quase todos os países com os quais mantinha relações.
No final do seu mandato, Lula protagonizaria o momento mais polêmico de sua política externa ao receber em Brasília o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em 2009.

Escândalo de Corrupção: Mensalão

mensalão era um sistema de pagamentos ilícitos que o governo federal usava para garantir o apoio dos deputados e senadores nas votações de leis e emendas favoráveis ao governo.
O esquema foi descoberto através de uma filmagem realizada por câmara escondida quando um diretor dos Correios explica a dois empresários como eram fraudadas as licitações. Deste esquema participaria o deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson, que era aliado do governo.
A partir deste momento foram realizadas uma série de investigações e instituídas CPI (Comissão Parlamentar de Inquéritos) que salpicaram vários aliados do governo Lula.
O próprio deputado Roberto Jefferson acusou o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, de realizar pagamentos a alguns deputados do Congresso Nacional. Esses pagamentos foram chamados de "mensalão", pois eram efetuados mensalmente.
As denúncias derrubaram o ministro da Casa Civil, José Dirceu; e o deputado Roberto Jefferson foi declarado inelegível por 10 anos.

Outro deputado do PT, João da Cunha, foi acusado de participar dessa trama, mas renunciou ao mandato de deputado antes que fosse formalizada qualquer acusação contra ele.

O governo de Fernando Henrique Cardoso

O governo presidencial de dois mandatos, 1º mandato (1994-1997) e 2º mandato (1998-2002), de Fernando Henrique Cardoso foi marcado pela efetiva implantação da política Neoliberal no Brasil.
Fernando Henrique Cardoso nasceu no estado do Rio de Janeiro no dia 18 de junho de 1931, com menos de dez (10) anos mudou-se para São Paulo, lá concluiu o curso de Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), realizou os estudos de pós-graduação na Universidade de Paris. Na década de 1960, após o Golpe Militar no Brasil, foi exilado no Chile e posteriormente na França, onde realizou seus estudos de pós-graduação, retornou para o Brasil como professor da USP no ano de 1968, com o decreto do Ato Institucional (AI-5) foi aposentado de suas atribuições docentes.
Após a aposentadoria foi convidado a lecionar em algumas universidades estrangeiras e fundou, juntamente com outros intelectuais brasileiros, o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). Esse Centro tinha como principal objetivo a análise da realidade socioeconômica da sociedade brasileira.
Sua vida política teve início no ano de 1978, quando foi eleito suplente do Senador paulista Franco Montoro, no ano de 1983 assumiu o senado quando Franco Montoro foi eleito governador do estado de São Paulo. Perdeu as eleições para a prefeitura de São Paulo para Jânio Quadros no ano de 1985, mas em 1986 foi eleito senador por São Paulo.
Fernando Henrique Cardoso foi um dos fundadores do Partido Social Democrático Brasileiro (PSDB). No primeiro ano do mandato do presidente Itamar Franco, Fernando Henrique assumiu o Ministério das Relações Exteriores, em 1992, e no ano seguinte foi atribuída a ele a função de Ministro da Fazenda. Nesta pasta realizou uma reforma monetária na economia brasileira que vivia sucumbida pela inflação, o chamado Plano Real.
Em 1993 deixou o Ministério da Fazenda e lançou sua candidatura à presidência da República pelo PSDB, seu principal adversário foi Luiz Inácio Lula da Silva, que concorria à presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Lula era o favorito à presidência. Fernando Henrique Cardoso ganhou as eleições e assumiu a pasta presidencial no ano de 1994. Seu principal objetivo durante o primeiro mandato foi o combate à inflação.
No primeiro mandato, mas precisamente no de 1997, FHC (como ficou conhecido) deu continuidade ao processo de reformas estruturais com a finalidade de evitar a volta da inflação, procurando deixar a economia estável. Durante este mandado o presidente pautou pela privatização de várias estatais brasileiras, como a Companhia Vale do Rio Doce (empresa do setor de mineração e siderurgia), a Telebrás (empresa de telecomunicações) e o Banespa (banco pertencente ao governo do estado de São Paulo). A compra das empresas estatais ocorreu, sobretudo, por grupos estrangeiros, que faziam aquisição das ações ou compravam grande parte dessas, assim, tornavam-se sócios majoritários.
Ainda no ano de 1997, FHC conseguiu enviar e aprovar no Congresso Nacional a emenda da reeleição, tornando-se candidato outra vez à presidência da república e ainda tendo Lula como seu principal adversário. O Plano Real e o controle da inflação continuou sendo sua principal propaganda política, o que favoreceu a FHC mais uma vitória nas urnas, conseguindo a reeleição.
No ano de 1999, FHC assumiu o segundo mandato como presidente do Brasil, neste mandato não houve grandes investimentos nas reformas estruturais (privatizações). Ocorreram, sim, algumas reformas no setor da Educação, sendo aprovadas no ano de 1996 as Leis de Diretrizes e Bases para a Educação (LDB), e posteriormente foram criados os Parâmetros Curriculares para o Ensino Básico.
Ao final do seu segundo mandato (2002), somando oito (8) anos no poder, FHC conseguiu controlar a inflação brasileira, entretanto, durante o seu governo a distribuição de renda no Brasil continuou desigual, a renda dos 20% da população rica continuou cerca de 30 vezes maior que a dos 20% da população mais pobre. O Brasil ficou em excessiva dependência do Fundo Monetário Internacional (FMI). O governo FHC foi responsável pela efetiva inserção do Brasil na política Neoliberal.
FHC deixou a presidência no dia 1 de janeiro de 2003, e quem a assumiu foi Luiz Inácio Lula da Silva.
Irany santos
Mestre em História

Governo Collor

Resumo do Governo Collor

Governo Fernando Collor de Mello foi marcado pelos caras-pintadas
Fernando Collor de Mello foi o primeiro presidente eleito em uma eleição direta no Brasil, quase trinta anos após o último processo eleitoral feito em regime democrático em nosso país. Essa eleição, que aconteceu em 1989 e que marcava a volta dos brasileiros às urnas escolheria quem assumiria o posto do então presidente José Sarney. Essa importância histórica faz com que seja necessário um resumo sobre o governo Collor.
Naquela época os candidatos que concorreram ao lado de Fernando Collor de Mello (PRN) foram: Mario Covas (PSDB), Paulo Maluf (PDS), Ulisses Guimarães (PMDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Roberto Freire (PCB).
Governo Collor
A campanha eleitoral de Collor, em 1989, é até hoje considerada por muitos estudiosos como demagoga e exibicionista, onde ele normalmente aparecia se posicionando de maneira totalmente contra a corrupção e defendendo uma igualdade social entre a classe trabalhadora e seus patrões. Esse posicionamento acabou lhe rendendo o apelido de “caçador de marajás”.
Segundo Turno
Um fato relevante sobre o governo Collor é o de que naquelas eleições ele foi para o segundo turno ao lado do então candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, operário que representava a esquerda política, contando com o apoio de movimentos sociais e sindicais.
Já Fernando Collor de Melo pertencia e uma família com tradição na política do estado de Alagoas e foi apoiado pelos conservadores, que tinham o interesse em valorizar as grandes indústrias e banqueiros.
Durante o segundo turno, a campanha de Collor foi ainda mais pesada e ele conseguiu a imagem de candidato dos mais pobres, ou “descamisados”, termos que a sua campanha utilizou à exaustão. Collor também investiu pesado ao ataque contra Lula, conseguindo proporcionar a sensação de medo em grande parcela da população sobre como ficaria o país se Lula ganhasse.
A estratégia deu certo e Collor venceu Lula com um número de 35 milhões de votos, contra 30 milhões de votos que foram recebidos pelo candidato do PT.
Governo Collor
Uma vez no poder, Collor então iniciou o seu chamado Plano de Reconstrução Nacional por meio de sua então ministra da fazenda, Zélia Cardoso de Mello. Essas medidas que também eram chamadas de Plano Collor tratavam-se de ações consideradas por muitos como radicais, mas que eram tomadas com o objetivo de acabar com uma crise de hiperinflação que o Brasil passava na época.
Foi então que essas soluções drásticas começaram a refletir diretamente na população, quando houve um congelamento de salários e preços, além do confisco de depósitos bancários, por cerca de um ano e meio, período em que o governo conseguiu controlar a inflação.
Porém, também devemos saber no nosso resumo do governo Collor, que essas medidas não foram suficientes para impedir um período de forte recessão, além de ocasionar uma piora no quadro da crise econômica brasileira na época.
Desde então, o candidato passou a perder a sua popularidade e consequentemente os seus apoios políticos.
Além disso Collor de Mello e sua então esposa Rosane Collor também precisaram responder à diversas denúncias de desvio de verba pública. A situação foi tão grave, que até o irmão de Fernando Collor de Mello, Pedro Collor denunciou o então presidente por um esquema de corrupção que tinha como responsável o tesoureiro do então governo, Paulo César Farias.
Após uma CPI, as relações políticas de Fernando Collor de Mello e PC Farias foram consideradas suspeitas, então instalou-se um processo de impeachment do então presidente do Brasil.
Durante esse período houve uma grande participação popular que apoiava a retirada de Fernando Collor de Mello do poder. Uma das maiores provas disso foram os estudantes chamados e reconhecidos até hoje como caras-pintadas, que iam para as ruas protestar usando as cores de nosso país em seus rostos.
Inicia-se então o último capítulo do nosso resumo sobre o governo Collor. Nesta época, Fernando Collor de Mello estava totalmente sozinho na política e não contava com o apoio de nenhuma bancada.
O então presidente também era alvo de uma intensa manifestação popular que tomava uma proporção muito grande quando em 29 de setembro de 1992, o seu impeachment foi aprovado pelo Congresso Nacional. Fato histórico, já que esse foi o nosso primeiro presidente eleito de maneira democrática foi afastado também da mesma forma e não por meios como golpes, por exemplo.
Porém, em uma manobra para evitar o seu impeachment de fato, Fernando Collor de Mello renunciou ao seu lugar na presidência do Brasil.