1. INTRODUÇÃO.
Diante da complexidade do Ensino de História e da sua importância no currículo
escolar optamos por estudar A Contribuição do Ensino de História na Aprendizagem e na
Formação Social do Aluno, com a finalidade de conhecer e refletir sobre como está sendo
trabalhado o Ensino de História na escola e se existe uma relação com a realidade social do
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educando. Partindo dessa reflexão buscaremos informações a respeito, para que possamos de
alguma forma contribuir significativamente no assunto mencionado.
Concordamos com Nemi (2009), que não é de hoje que o ensino de história nas
escolas, assim como a geografia são vistas como matérias decorativas, em que os alunos
reproduzem mecanicamente os conteúdos repassados pelos professores. Com isso tentaremos
indagar alguns conceitos que envolvem o ensino e a aprendizagem de história com o intuito
de compreender essa prática do ensino na instituição escolar, porque existem professores que
atuam na educação sempre com as mesmas metodologias, ou seja, ficam acomodados.
Entende- se que a educação é o fator primordial na formação do indivíduo na sociedade, e
essa muitas vezes não atende as necessidades de todos os indivíduos, pois ela acaba sendo
privilégio das classes dominantes.
Diante desses questionamentos temos como objetivo conhecer a realidade
sociocultural do espaço escolar e de que forma os educadores atuam em meio a essa
diversidade que reflete na educação. Com base nos autores como Saviani (1997), Pimenta
(2006), Ribeiro (2001), Procuraremos também compreender qual o papel da escola em relação
à formação educacional do aluno se ela valoriza o contexto social do mesmo, trabalhando as
diferenças das mais diversas maneiras para que possa envolver todos nas atividades propostas.
Com isso, buscaremos observar se a escola está realmente contribuindo para uma formação
social significativa, independente da classe social como questões étnicas, religiosas, políticas
e culturais, porque o espaço escolar deve formar cidadãos não apenas como mão- de- obra,
mas sim como um ser pensante, capaz de desenvolver suas habilidades.
Nossas indagações tiveram como base um estudo de caso realizado em uma escola
pública de Parnaíba-PI, na qual conhecemos sua estrutura física, setor administrativo e
pedagógico, funcionários, a metodologia de ensino de uma das professoras em relação à
disciplina de história. O contato com essa instituição nos possibilitou mais informações a
respeito do nosso tema, em que realizamos entrevistas semi-estruturadas e observações, além
de estudarmos algumas bibliografias relacionadas a essa temática como Freire (2010), Nemi
(2009), Demo (2009), possibilitando- nos um conhecimento mais amplo a fim de que
possamos fazer uma relação do assunto abordado tendo um embasamento teórico que nos
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auxiliou nesse estudo, nos permitindo fazer reflexões pedagógicas que respondam
concretamente as nossas indagações.
Na maioria das escolas o Ensino de História é compreendido como o estudo do
passado como o surgimento da escrita, os primeiros meios de comunicação, o modo de vida
dos homens ágrafos e outros. No entanto, não devemos esquecer que o contexto histórico está
sempre em transformação e que o homem é o ser pensante que interage constantemente com
seu tempo e espaço. Concordando com Ribeiro (2001), o professor como mediador do
conhecimento pode trabalhar partindo de um confronto entre o particular e o geral, o próximo
e o distante, contribuindo para uma atividade docente que valorize primeiramente a realidade
concreta, para posteriormente envolver as situações abstratas.
Debater sobre o ensino de História é compreender sua contribuição na vida social do
indivíduo levando em consideração suas características próprias, sabe-se que o ambiente
escolar é um micro sistema da sociedade que envolve uma diversidade bastante complexa de
pensamentos, costumes e ideais diversos, porém a escola também deve respeitar e valorizar a
singularidade de cada ser humano, pois cada pessoa tem habilidades e capacidades diferentes
e são essas diferenças que formam nossa sociedade com os mais diversos valores sociais. A
respeito dessa temática levantamos os seguintes questionamentos sobre o Ensino de História
nas escolas. Qual a contribuição da história para a realidade social dos alunos? Existe uma
relação entre o antigo e o atual? A escola envolve a comunidade, valorizando suas
características sociais, culturais, econômicas e políticas?
Com isso, analisamos detidamente do geral ao particular nossas indagações na
tentativa de respondê-las ao longo do nosso discurso que foi concretizado através de
pesquisas, leituras, observações, etc. Compreendemos também, que estudar a história nos
remete um estudo da nossa própria realidade social, uma vez que a história não se refere
somente a acontecimentos passados, pois toda ação humana tem um valor histórico que pode
e deve ser conhecido, valorizado e transmitido as futuras gerações.
Quando nos referimos ao Ensino de História, percebemos que a escola deve atuar em
parceria com a comunidade, família, educadores e principalmente com os alunos, porque eles
são os mais interessados. Como afirma Hengemuhle (2010), “Trazer nos projetos pedagógicos
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das instituições uma reflexão coletiva sobre como o ser humano aprende e a partir de que ele
se motiva parece- nos fundamental se queremos gerir uma escola para pessoas e não para
cadeiras e carteiras”. Logo, a educação deve ser voltada para os alunos, atendendo as suas
singularidades, por isso as instituições devem elaborar seus projetos pedagógicos segundo a
realidade e cultura do público a ser atendido, caso contrário os discentes não sentiram
estímulo em frequentar a escola, daí não terá mais sentido a existência do espaço escolar.
2. A EDUCAÇÃO E ALGUNS ASPECTOS HISTÓRICOS
De acordo com Aranha (2006), os estudos sobre a História da educação enfrentam as
mesmas dificuldades metodológicas do Ensino de História. Cabe afirmar que desde o século
XX a educação era tradicional, sendo o professor o centro, isto é o detentor do conhecimento,
logo esses conhecimentos eram repassados de maneira passiva aos alunos, Será que desse
modo a escola estava formando cidadãos críticos capazes de refletir sobre seus atos? Diante
das análises vimos que as pessoas estavam apenas reproduzindo o que lhes eram ensinados de
forma mecânica.
Portanto, observando a educação no século XXI afirmamos que não há muita
distinção, porque o setor educacional mantém um aspecto regressivo, pois o capital influencia
na formação de pessoas capacitando os melhores e separando a classe dominante da menos
favorecida de modo que a classe oprimida não consegue usufruir dos mesmos direitos como o
ingresso no ensino superior, sendo que o maior número de vagas é ocupado pelas pessoas que
possui poder aquisitivo elevado. Com isso, Freire (1979) nos remete a uma reflexão que
“Uma sociedade justa dá oportunidade às massas para que tenham opções e não a opção que a
elite tem, mas a própria opção das massas.” Pautada nessa afirmação, compreendemos que o
acesso a educação deve ser um direito de todos, embora as oportunidades sejam distintas a
cada classe social, mas que os mesmos possam ocupar seu espaço.
Dessa maneira, a escola tem não apenas a função de preparar os cidadãos para o
mercado competitivo do trabalho, mas formar pessoas para a cidadania, ensinando os valores
que permeiam na sociedade, sobre tudo quando se pensa em igualdade e justiça social, o
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professor também é importantíssimo nesse processo, por isso como um mediador de saberes
ele precisa ter compromisso com sua profissão, trabalhar em conjunto com os demais
educadores, para que se concretize de fato uma educação de qualidade, que avalie o aluno
como ser pensante, sem desprezar seus conhecimentos prévios.
Entretanto não devemos nos esquecer de refletir sobre as contribuições das tendências
pedagógicas na educação, a tradicional como já mencionamos anteriormente o professor era o
centro, enquanto que na escola nova a relação professor-aluno era mais interativa, ou seja,
havia um dialogo entre ambos, pois nessa tendência o professor deixa de ser o centro e passa a
ser o mediador do conhecimento. Já na Tecnicista, a escola estava mais voltada para
qualificação profissional, onde os alunos eram preparados para atuarem no mercado de
trabalho. Desse modo podemos dizer que a educação hoje embora de forma atualizada, ainda
apresenta características dessas tendências. Segundo Saviani:
Compreendida a natureza da educação nós podemos avançar em direção à
compreensão de sua especificidade. Com efeito, se a educação, pertencendo ao
âmbito do trabalhado não–material, tem a ver com idéias, conceitos, valores,
símbolos, hábitos, atitudes, habilidades, tais elementos, entretanto, não lhe
interessam em si mesmos como algo exterior ao homem. (1997, p. 17).
Quando o autor fala da especificidade da educação trata-se de compreendê-la como
um elemento de formação individual e social do sujeito, sendo que a escola deve contribuir
para uma educação capaz de valorizar o contexto social do individuo levando em
consideração a sua experiência de vida, pois cada pessoa possui seu próprio currículo, ou seja,
o conhecimento que cada ser traz consigo, sendo esse fundamental na construção da
identidade e autonomia do cidadão.
Outro ponto a ser discutido é como os professores lidam com os alunos em sala de
aula, logo é fundamental a conscientização de que não é por está na posição de educador, que
o mesmo deva desvalorizar aqueles que ainda se encontram na condição de educando.
Concordando com Freire (1979): “O educador não pode se colocar na posição do ser superior
que ensina um grupo de ignorantes, mas sim na posição humilde daquele que comunica um
saber relativo a outros que possuem outro saber relativo.”
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Partindo dessa afirmação, cabe dizer que o ato de ensinar está relacionado com o
conhecimento do outro, pois não há conhecimento acabado ele está em constante
transformação, logo é na troca de informações que o conhecimento é construindo, portanto
todos são aprendizes seja professor ou aluno ambos estão aptos a ensinar e aprender. Quando
falamos de educação não nos referimos apenas à prática de ensino escolar porque a educação
está presente em todos os ambientes sejam eles formais ou informais, com isso devemos saber
que para uma boa educação é necessário uma motivação e isso nem sempre encontramos nas
salas de aula, seja por parte do professor ou do aluno.
3. A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE SOCIAL DO ALUNO
A educação por meio de seu caráter formador consegue de certa forma dominar a
sociedade, que está cada vez mais exigindo da população qualificação, mas para que esses
objetivos sejam alcançados é fundamental que todos tenham acesso a essa educação e aqueles
que já têm esse acesso não fique na mera reprodução desses conhecimentos. Desse modo
torna- se necessário que os profissionais, principalmente os professores dêem continuidade a
sua formação para que esses possam contribuir significativamente na formação do educando.
Da leitura dos artigos e relatórios, verifica- se que se privilegia uma
perspectiva construtivista na aprendizagem da didáctica, o que remete
para o papel do professor concebido não como mero transmissor do
saber, mas como facilitador e gestor das aprendizagens e mobilizador
dos recursos. Esta concepção exige dos alunos uma participação activa
na construção do seu conhecimento, o que tem levantado algumas
reacções iniciais. (ALARCÃO, 2006, p. 176).
A autora faz referência à prática pedagógica do educador transformador, que adota
uma metodologia construtivista em sala de aula possibilitando aos alunos uma interação
dialógica, favorecendo um ensino aprendizagem mais dinâmico e inovador. Espera-se que o
professor seja capaz de atribuir aos discentes um caráter crítico e reflexivo a partir do seu
papel individual e social.
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Ressaltamos que para que aconteça de fato uma aprendizagem satisfatória do Ensino
de História devemos privilegiar o ser humano e sua complexidade como um aspecto relevante
no processo educacional. Conforme Catão (1995) “[...] a garantia da humanização histórica,
que não se verifica senão na comunidade, pois na história o ser humano não se pode realizar
sozinho, mas só se realiza como membro da comunidade, trazendo para a comunidade,
especialmente para os mais jovens, as gerações futuras, a contribuição de sua própria
humanização.” Sob esse ângulo, afirmamos que o conhecimento histórico é adquirido por
todo e qualquer tempo ou espaço que existam pessoas interagindo.
Quando falamos da prática de ensino sempre imaginamos o professor como aquele
capaz de promover ao aluno uma aprendizagem significativa, e quando se trata do professor
de história sua função torna- se bastante relevante na construção do conhecimento histórico
para que a partir desse conhecimento o mesmo faça uma reflexão do seu contexto, sendo
capaz de distinguir acontecimentos de ações passadas que contribuem ou influenciam no
presente de forma concreta. O professor de história deve compreender que o tempo vivido do
aluno é parte da sua própria história de vida, sendo que através desse aspecto o aluno deve
ampliar seus conhecimentos. Como afirma Alves:
Em oposição ao conhecimento- verdade encontrado e, portanto,
cristalizado, afirmamos o conhecimento como formas diferentes de
apreensão do real por sujeitos diferentes, como verdades buscadas e,
portanto, em movimento. (2008, p. 76).
Sob o prisma dessa reflexão, entende- se que a aquisição do conhecimento é adquirida
de formas distintas que variam no tempo e espaço, no qual o sujeito vai se apropriando das
informações, e consequentemente construindo o seu modo de ser, pensar e agir enquanto ser
social.
Geralmente na escola a história é vista como acontecimentos passados que tiveram
como marco histórico datas, heróis, cidades, países, sendo esses na maioria das vezes o foco
central do ensino, onde são valorizadas ações passadas e que em determinados momentos o
aluno não vem a ser questionado, porque os professores ficam presos aos conteúdos dos
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livros, deixando de lado o conhecimento de mundo do aluno ao invés de trabalhar assuntos
que envolvam sua realidade, relacionando-a com contextos passados.
A formação do professor reflete muito no conhecimento do aluno, pois quando esse é
um educador atualizado ele de certa forma tem maior capacidade de oferecer uma educação
mais adequada aos seus alunos, ensinar historia nos remete a uma reflexão das nossas próprias
ações cotidianas sejam elas coletivas e individuais. Levando em consideração as ideias de
Demo sobre o conceito de história:
O que acontece na história é historicamente condicionado, e por isso
não se produz o totalmente novo que não tivesse condicionamento
histórico, pois já seria um ato de criação, do nada, introduzindo na
historia condições não históricas. (2009, p. 90).
A partir dessa reflexão percebemos que a realidade do ensino de história valoriza
muitas questões passadas como únicos e verdadeiros acontecimentos históricos, deixando
muitas vezes de construir o conhecimento concreto a partir do que já existe sem desvalorizar
as informações historicamente construídas. Contudo cabe afirmar que alguns professores
acabam não utilizando desse conhecimento da forma adequada, isto é não possibilitam ao
aluno uma visão de mundo própria do seu contexto.
O professor deve trabalhar de acordo com a realidade social do aluno, levando em
consideração o espaço onde a criança vive sua cultura local, seus costumes, o tempo vivido e
construído, enfatizando os diversos tipos de profissões, moradias, costumes, cultura e
economia atuais e antigas relacionando suas semelhanças e diferenças, além de mostrar suas
transformações ao longo do tempo e como suas características se fazem presentes atualmente
em meio a tantas mudanças que o mundo globalizado e capitalista acaba influenciando ou
interferindo na sociedade direta ou indiretamente.
Antes da existência humana, existe a sociedade e a História sendo que ao entrarmos
em contato com o mundo passamos a receber diversas instruções que são construídas ao longo
do tempo. À medida que o sujeito se desenvolve como ser no meio social ele passa a interagir
consigo, com o outro e com o mundo onde é capaz de intervir no espaço em que vive levando
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em consideração as diferentes épocas e locais, sendo que o aluno deve perceber as
modificações constantes no tempo e espaço identificando suas semelhanças e distinções. De
acordo com Nemi:
O conhecimento é construído a partir da internalização dos conceitos
aprendidos culturalmente por intermédio da interação com o outro.
Por isso, a escola deve criar situações de aprendizagem em que as
crianças troquem experiências e, em seguida, com a coordenação do
professor, sistematizem as trocas realizadas. (2009, p. 41).
Valorizando esse aspecto, reforçamos a importância da mediação do professor como
agente transformador do saber, que em conjunto com o aluno possa ampliar o conhecimento,
seja ele informal ou formal no meio interno e externo do ambiente escolar. Quando a escola
tem a capacidade de estabelecer uma relação entre o tempo vivido e historicamente
construído, desse modo é bem provável que o aluno compreenda o valor cultural, social e
étnico, como valores essenciais a vida humana. Partindo dessa reflexão o professor pode
promover ao aluno um conhecimento que vise à apropriação do seu papel como ser social,
apto a criar, expor e construir seus conceitos de mundo, interpretando cada situação histórico
do seu meio.
No mundo em que vivemos, torna-se cada vez mais comum a transformação da ação
humana diante da sociedade, em relação às mudanças e necessidades enfrentadas pelo homem
na luta pela sobrevivência de uma vida melhor, que se aproxima ao patamar social da classe
dominante. Segundo Nemi (2009), “a trajetória dos homens na história produziu diversas
formas de vida e transformou-as à medida que conhecimentos foram aprimorados e que
surgiram novas dificuldades a serem enfrentadas. Essas alterações, no entanto, nem sempre
levaram a um progresso efetivo e a uma sociedade mais justa para todos.”
Partindo da ideia de que a História reflete também na formação do sujeito, ele vai
progredindo em relação aos conhecimentos que aos poucos vão sendo modificados,
possibilitando-os a transformarem sua vida, porém essas mudanças nem sempre influenciam
em uma igualdade social justa e que favoreça a sociedade coletivamente.
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