sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Era Vargas


Getúlio Vargas ficou para a história do Brasil como o “Pai dos pobres”, o ditador brasileiro recebeu tal status por ter sido o nosso primeiro governante a dar reais benefícios às classes sociais menos favorecidas. Essa bonita história esconde, porém, os interesses manipuladores de Vargas, a barbárie em que vivia a sociedade da época e vivemos e o título dado por um setor mais crítico da sociedade, tão merecido quanto o primeiro, de “Mãe dos ricos”. 

Os quinze anos em que Getúlio Vargas exerceu o poder no Brasil (1930-45) têm sido objeto de diversas análises por parte de historiadores, economistas, sociólogos e estudiosos em geral.

Getúlio, assim como os outros governantes considerados populistas, tornou-se muito popular entre os trabalhadores devido aos privilégios que a eles concedeu. E, a partir dessa popularidade, Getúlio os manipulou. O ditador viveu num mundo onde o movimento trabalhista era forte em quase todos os países. Por meio dessas lutas, o proletariado passou a conquistar certas regalias. Contudo, para alcançá-las, era necessário ter uma excelente organização e pessoas com consciência de classe. O Brasil que iniciava a sua explosão industrial com Getúlio também passaria, em algum momento, por tal situação. Entretanto, na medida em que Vargas dá ao povo todos esses privilégios e reformula todos os sindicatos, tirando todos aqueles considerados subversivos, nosso proletariado se tornou pouco combativo.



Não é à toa que Getúlio também pode ser chamado de “Mãe dos ricos”. Além de usufruir da infra-estrutura criada pelo Estado getulista, o empresariado se acostumou a trabalhar, ou melhor, a explorar o seu empregado sem que ele pudesse se organizar e lutar por melhores condições. Afinal, mesmo tendo seus méritos, a CLT feita por Vargas é uma cópia das leis trabalhistas criadas pelo ditador italiano Mussolini, também preocupado em manipular o povo italiano, desenvolver a indústria e o seu projeto fascista. Outro fato que exibe o caráter manipulador de Getúlio e a sua preocupação com o empresariado é a sua contribuição na criação de dois partidos distintos que representam classes sociais antagônicas, o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), representante dos trabalhadores e o PSD (Partido Social Democrático), defensor dos interesses da burguesia.



A adoração aquele que manipulou descaradamente, mas fez, eliminou toda oposição preocupada com as causas sociais em nome do progresso, mas fez, aproxima-se ao carinho paulistano ao “Rouba, mas faz” de Paulo Maluf. É claro que estamos num estado crítico, afinal, mesmo sabendo de todos esses fatos, adoramos políticos corruptos e claramente manipuladores. Contudo, é tão claro quanto o que acabou de ser dito que essas adorações são reflexos de um povo desiludido e sem ídolos. A falta de ícones populares faz com que passemos a adorar certos mitos, como Getúlio Vargas.

Vargas foi além de um político foi calculista, um grande manipulador das massas. Soube usar perfeitamente sua influência no fascismo para "ganhar" os trabalhadores. Dizia-se "pai dos pobres", mas exterminava comunistas, e combatia os inimigos de seu regime.

Para você defender a política de Vargas é necessário, somar uma população carente de tudo (cultura e ideais principalmente) a uma política de "pão e circo" baseada em benefícios trabalhistas e intensa lavagem cerebral, feita pela intensa propaganda do DIP de Getúlio, mas, era isto que o povo necessitava após anos sobre a tutela de uma oligarquia que utilizava do seu poder economico para impor as regras.

Afinal, como pôde um caudilho, um estancieiro envolvido nas eternas querelas entre chimangos e maragatos, um gaúcho de botas, bombachas e chimarrão, um político eminentemente provinciano, ser o mais centralizador dos governantes brasileiros, combatendo duramente o regionalismo e erigindo o nacionalismo em ideologia? Como um ditador simpático ao fascismo se torna um líder de massas cultuado pela esquerda? Como esse homem dos campos e dos pampas presidiu o país durante a sua quadra histórica de industrialização mais acelerada?


É partindo de perguntas como essas que o historiador Boris Fausto necessita de uma investigação maior sobre esse fenômeno chamado Getúlio Vargas - com respostas que passam ao largo dos velhos chavões e do maniqueísmo. O político astuto e dissimulado era, mais simplesmente, um homem reservado. Tinha crenças arraigadas, mas fez do pragmatismo um norte na sua atividade política. Entre o estereótipo do benfeitor dos "humildes" e o manipulador das grandes massas, o historiador Boris Fausto escolhe as duas alternativas. Seu perfil de Getúlio é uma obra de síntese, que contribui para a compreensão não só da trajetória do "pai dos pobres" como dos impasses da formação nacional.


Impasses que dizem respeito ao presente, pois muito se discute o legado politico da Era Vargas, a estrutura sindical corporativa, o salário mínimo e o esboço de criação de uma infra-estrutura industrial com a preservação da estrutura fundiária fazem parte desse legado.


Algumas das características de Getúlio ajudam a entender por que ele os criou, como a crença na intervenção estatal na economia, o autoritarismo, o paternalismo, a profunda oposição ao liberalismo. Mas há outras determinações que estavam, e estão, nas condições mesmas do país. É o caso das necessidades de construir uma base de apoio popular, de não afrontar os interesses dos fazendeiros e de manobrar entre as grandes potências e empresas estrangeiras para atrair capitais.


O historiador Boris Fausto tece lentamente todos esses fios, ligando o apogeu do poder de Getúlio ao seu passado, o seu modo de ser ao quadro histórico, a sua política aos limites impostos pela conjuntura e pelas condições estruturais do Brasil. O resultado é o painel de um político concreto, inclusive no perfil psicológico, e de sua época.

Na verdade a Era Vargas foi uma estrutura orgânica com muitas das informações antes dispersas, ou mesmo insuficientemente documentadas atualmente. Esse foi o período do primeiro grande agigantamento do Estado brasileiro, em todos os seus aspectos. E não foi mera coincidência que o crescimento desmesurado do controle econômico e social tenha sido acompanhado pelo terrorismo de Estado, corrupção e impunidade. As marcas (para não dizer chagas) deixadas pelo longo período ditatorial de Vargas ainda não cicatrizaram. Além do culto à personalidade do próprio Vargas, várias de suas políticas econômicas equivocadas continuam sendo defendidas por membros da elite brasileira, que ainda não conseguiram perceber a relação que existe entre opressão econômica e violência política. Ou a relação entre controle estatal da economia e corrupção. Ou a relação entre benesses econômicas patrocinadas pelo governo e impunidade.

Assim, depois de uma analise sucinta sobre o que foi estabelecido pelos dois grupos em questão chego a conclusão que apesar de todo autoritarismo, Certamente o Brasil de 1930 se tornou bem diferente do Brasil de 1946 em diante, por causa de Vargas. 

Talvez ele pudesse ter feito mais e não tenha feito, mas o fato é que muito se critica, mas não se pensa muito qual teria sido o rumo do país sem ele. Ainda mais que muito da estrutura politica do país com seus erros e acertos, pois conseguiu mostrar o lado populista de Vargas, e conquistou a classe trabalhadora e instituir um modelo de governo que de certa maneira conseguiu atenter os anseios da massa.

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