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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
Europa: 10 mil crianças imigrantes ‘sumiram’ sem deixar rastro
Polícia do bloco europeu alertou que crianças e jovens podem estar sendo explorados sexualmente e usados em trabalho escravo. Para organizações especializadas apesar de os números serem chocantes eles não são surpreendentes
Polícia do bloco europeu alertou que crianças e jovens podem estar sendo explorados sexualmente e usados em trabalho escravo. Para organizações especializadas apesar de os números serem chocantes eles não são surpreendentes
Mais de 10 mil crianças imigrantes podem ter desaparecido depois de chegar na Europa apenas nos últimos dois anos, segundo a unidade de inteligência da polícia da União Europeia.
A Europol disse que as milhares de crianças desapareceram depois de serem registradas por autoridades.
A polícia do bloco europeu ainda alertou que crianças e jovens podem estar sendo explorados sexualmente e usados em trabalho escravo por gangues de criminosos.
Esta foi a primeira vez que a Europol forneceu uma estimativa de quantas crianças imigrantes podem estar desaparecidas em todo o bloco europeu.
“Não é exagero afirmar que estamos analisando (o número de) mais de 10 mil crianças”, afirmou o chefe de gabinete da Europol, Brian Donald, ao jornal britânico ‘The Observer’.
“Nem todas elas serão exploradas de forma criminosa; algumas poderão ter ido viver com outros membros da família. Nós simplesmente não sabemos onde elas estão, o que estão fazendo ou quem está com elas.”
E, de acordo com a organização de caridade britânica Save de Children, cerca de 26 mil crianças imigrantes chegaram à Europa no ano passado sem família.
Sem rastros
Em maio de 2015 as autoridades da Itália afirmaram que quase 5 mil crianças tinham desaparecido de centros de recepção de refugiados desde o ano anterior.
Em outubro, as autoridades de Trelleborg, no sul da Suécia, afirmaram que cerca de mil crianças e jovens adultos, todos refugiados sem acompanhantes que chegaram na cidade no mês anterior, tinham desaparecido.
Confirmando a estimativa geral de menores desaparecidos, um porta-voz da Europol disse que uma grande proporção de crianças também pode ter desaparecido depois de desembarcar na Grécia. O país foi o primeiro ponto de entrada para mais de 1 milhão de imigrantes que chegaram à Europa de barco em 2015 e as autoridades locais foram criticadas por não conseguir registrar e checar as novas chegadas.
De acordo com a Europol, grupos criminosos envolvidos com tráfico de pessoas na Europa agora têm os imigrantes como alvo. Há o temor de que crianças desacompanhadas e jovens que chegam à Europa possam estar sendo explorados sexualmente, usados como escravos e em outras atividades ilegais.
Um porta-voz da Organização Internacional para Imigração, Leonard Doyle, disse à BBC que o número de 10 mil crianças desaparecidas é “chocante, mas não é surpreendente”.
Doyle afirmou que era “esperado” que muitas destas crianças acabassem sendo exploradas.
“Vamos esperar agora que a União Europeia destine recursos para encontrar estas crianças, ajudando-as e reunindo estas crianças com suas famílias”, disse.
Afogamentos
O anúncio da Europol veio em mais um momento de grande preocupação sobre a segurança da travessia de imigrantes rumo à Europa. No sábado, pelo menos 39 deles, incluindo várias crianças, se afogaram durante a travessia do mar Egeu, entre a Turquia e a Grécia.
Na sexta-feira, a Organização Internacional para Imigração informou que 244 imigrantes se afogaram no mar Mediterrâneo apenas neste ano, em meio a 55.568 chegadas.
Além dos riscos da travessia, há também problemas nos centros de recepção de imigrantes.
A editora da BBC para a Europa Katya Adler fez uma reportagem no ano passado expondo o quanto estas crianças imigrantes ficam vulneráveis quando são recebidas na Itália.
Fabio Sorgoni, da ONG italiana On The Road, disse a ela que o intervalo de tempo para providenciar um abrigo seguro aos menores que chegam desacompanhados é muito curto.
A lei permite que esses jovens possam sair dos centros de recepção durante o dia, quando se transformam em alvos fáceis para o crime organizado ou criminosos individuais que querem explorar estas crianças e jovens.
Poucos centros da Itália têm um número suficiente de tradutores que falam o idioma das crianças. E também não têm funcionários com experiência em identificar as vítimas exploração sexual.
Milhares de crianças fugiram de centros de recepção e desapareceram nas ruas da Itália. Sem ninguém para assumir a responsabilidade de cuidar destas crianças elas fazem sozinhas o que for necessário para sobreviver.
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