sexta-feira, 3 de março de 2017

Filosofia da linguagem



Filosofia da linguagem é o ramo da filosofia preocupado com quatro questões fundamentais, e as questões derivadas delas:
  1. A natureza do significado
  2. Uso da linguagem
  3. Compreensão da linguagem
  4. Relação da linguagem com a realidade
Quanto a natureza do significado, trata-se de entender o sentido de "significar", entre as questões abordadas, na busca por melhor compreender a questão, teremos a natureza da sinonímia, as origens do significado e qual o modo pelo qual conhecemos um significado. Ainda, filósofos da linguagem trabalharão para compreender como sentenças significativa derivam seu significado de partes menores, as palavras de uma frase, para apresentar significados mais amplos, bem como se o significado das frases é redutível ao significado das palavras.
Embora seja possível derivar e construir outras explicações, atualmente existem sete explicações principais para o que é um significado:


  1. Pragmática, na qual o significado é determinado pelas consequências de sua aplicação;
  2. Verificacionista, posição tipica do positivismo lógico, postulando que o significado de uma sentença é seu método do verificação;
  3. Referencialista, também chamada externalismo semântico, apresenta o significado como equivalente àquelas coisas no mundo que são conectadas ao significado, defendida por autores como Hillary Putnam e Saul Kripke;
  4. Construtivista, defendendo que o discurso pode mudar a realidade, geralmente interpretada em sentido social, não literal;
  5. Teorias de uso da linguagem, que ajudou a inaugurar a visão comunitária do significado, variando conforme o uso em uma comunidade, associada inicialmente a Ludwig Wittgenstein e posteriormente a John Seale e Robert Brandom;
  6. Verdade-condicional, apresenta o significado como as condições nas quais uma expressão pode ser verdadeira ou falsa, iniciada por Gottlob Frege e representada atualmente por autores como Alfred Tarki e Donald Davidson;
  7. Ideia, associadas aos filósofos do Empirismo Britânico, como David Hume e John Locke, entende que o significado é meramente um conteúdo mental provocado pelo simbolo.
Quanto ao uso da linguagem, trata-se de entender como os usuários de uma linguagem a aprendem e utilizam em sua comunicação com os outros, bem como o que significa comunicar. Aprendizagem da linguagem, atos de fala e criação da linguarem são tópicos recorrentes nesta área. A compreensão da linguagem toca alguns elementos da filosofia da mente, uma vez que trata de como a mente do falando e do ouvinte que interpreta o falando se relacionam com a linguagem.
A questão da relação entre linguagem e realidade, investigações geralmente chamadas de "teorias da referência", envolve as questões relacionando a linguagem, a verdade e o mundo, trata-se de investigar qual tipo de significado pode ser verdadeiro ou falso. Entre outras questões, investiga-se o caso em que sentenças sem significado possam ser verdadeiras ou falsas, ou se sentenças podem expressar verdade sobre coisas inexistentes, como as sentenças se relacionam com personagens fictícios e erros de referências. Para trabalhar estas questões, Frege dividiu o conteúdo das expressões em dois componentes, o sentido e o significado.
Segundo Frege, o sentido de uma expressão é o pensamento que ela expressa, este será responsável por estabelecer a referência, aquilo no mundo ao qual tal expressão se refere, um objeto por exemplo. Os sentidos seriam, portanto, modos de apresentação dos objetos do mundo e o valor de verdade de uma expressão estaria associado a quão bem a sentença apresenta os objetos aos quais pretende se referir. Esta posição foi desenvolvida por Bertrand Russell, que embora tenha oferecido uma teoria diferente, é normalmente referido em conjunto com Frege. Esta posição foi depois criticada por Saul Kripke em sua obra Naming and Necessity, através do argumento modal, estabelecendo que mesmo que todas as descrições associadas a uma expressão sejam falsas, a referência se mantém.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CARNAP, R. (1975). Testabilidade e Significado. Em Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural. Vol. XLIV. (tradução de Pablo Mariconda).
Carnap, R., (1956). Meaning and Necessity: a Study in Semantics and Modal Logic. University of Chicago Press.
FREGE, G. (2002). Lógica e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Cultrix. (tradução de Paulo Alcoforado)
Greenberg, Mark and Harman, Gilbert. (2005). Conceptual Role Semantics
KRIPKE, S. (1972). Naming and Necessity. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press.
MARTINICH, A. (1996). The Philosophy of Language. Oxford: Oxford University Press.
RUSSELL, B. (1974). Da denotação. Em Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural. Vol. XLII. (tradução de Pablo Mariconda).
SEARLE, J. (2000). Mente, Linguagem e Sociedade. Rio de Janeiro: Rocco.
Tarski, Alfred. (1944). The Semantical Conception of Truth
WITTGENSTEIN, L. (1975). Investigações Filosóficas. Em Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural. Vol. XLVI. (tradução de José Carlos Bruni).

Arquivado em: Filosofia E postado por Irany santos

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