Durante um longo período o Império Romano agonizou. Invasões bárbaras, saques e má gestão levaram o Império ao colapso. Por outro lado, é neste período também que, na tentativa de minimizar os efeitos da crise e manter o Império, propõe-se a separação do Império em dois: o do Oriente e o do Ocidente. É este contexto que se dá início ao processo de declínio do Império Romano, que se desintegrou em 476, marcando não apenas o fim do Império do Romano do Ocidente, mas também o período histórico que chamamos costumeiramente de Idade Antiga. No entanto, o Império Romano do Oriente sobreviveu (atualmente chamado de Império Bizantino), até o ano de 1453, ano de sua queda. O período situado entre a queda do Império Romano do Ocidente e a queda do Império Romano do Oriente é o que conhecemos por Idade Média. Foi também neste período que ocorreu uma difusão e maior adesão ao cristianismo, inicialmente entre os componentes das classes mais pobres da população, mas chegando também às elites romanas.
A palavra medieval carrega consigo um conjunto de representações e estereótipos negativos, usualmente associando o período a uma “idade das trevas”. O termo idade média também pode passar uma interpretação equivocada, parecendo ser o período localizado no meio de acontecimentos importantes. Como se pode perceber, a história da Idade Medieval está diretamente relacionada ao Império Romano e seu declínio, no ocidente e no oriente. O intervalo de tempo entre os dois acontecimentos, de 476 a 1453, também é bastante significativo: são mil anos de experiências partilhadas entre homens e mulheres comuns. Não é possível, portanto, negligenciar os estereotipar este período da História da humanidade. Essa visão que temos sobre a divisão dos períodos da história faz parte de uma visão clássica sobre a própria constituição da história, fomentada pelos estudiosos europeus. Muitas vezes, e em muitos casos, essas divisões temporais fazem pouco sentido em outros países, como o Brasil.
Assim, ainda que a queda do Império Romano do Ocidente tenha sido fatal para eles, a sobrevivência do Império Romano do Oriente foi expressiva. Isso se deu porque havia outra configuração e outros jogos políticos no oriente, diferentes das despesas e necessidades do Império Romano do Ocidente. O povo do oriente enfrentou poucas ameaças de bárbaros, passando a viver um período de estabilidade e prosperidade. Formado na tentativa de salvar o Império Romano do Ocidente, em plena divisão do Império Romano no século IV, o Império Romano do Oriente manteve a continuidade da cultura romana cristã e boa parte da cultura grega. Tendo a capital localizada em Bizâncio, que mais tarde teria sido batizada de Constantinopla, a cidade de Constantino, esta cidade protagonizou inúmeros encontros entre povos e culturas. Entre os povos que ali se encontravam estavam os gregos, os egípcios, os sírios, os semitas e os eslavos. Um dos pontos principais eram as rotas comerciais que por ali passavam trazendo produtos dos mais variados tipos, tais como ouro, marfim, trigo, mel, pimenta, porcelanas, canela entre outros. Por volta do ano 1000 a cidade chegou a ter uma população de quase 1 milhão de habitantes e chegou a ser a cidade mais rica de toda a Europa. Nos dias de hoje ocupa o território de Constantinopla a cidade de Istambul, na Turquia.
Estátua do Imperador Constantino I, o primeiro imperador bizantino. Foto: Angelina Dimitrova / Shutterstock.com
A cidade repleta de edificações majestosas, como a Basílica de Santa Sofia, era cercada por uma muralha dupla que desempenhava muito bem o papel de proteção para aqueles que ali viviam. O cristianismo ali teve grande aceitação, e a cidade foi palco de atrações religiosas, como as relíquias que os cristãos da época acreditavam ter pertencido aos protagonistas da religião, tais como o sangue sagrado, os cravos da coroa de cristo e até mesmo as suas sandálias estavam na cidade para a apreciação dos devotos.
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