sábado, 19 de agosto de 2017

Triste fim de Nietzsche e seu super homem



De todos os filósofos que já tive a oportunidade de ler, o alemão Nietzsche é o mais perturbador. Não porque suas idéias tenham colocado minha fé em dúvida, afinal o fundamento da fé transcende as palavras, foi o Apostolo Paulo quem disse que "nosso evangelho não consiste em palavras de homens". Todavia, Nietzsche me perturbou pelo fato de ter sido neto de pastor, criado numa família protestante. Ele no primeiro momento questionou a hipocrisia de muitos crentes, e fez ponderações saudáveis, mas por fim acabou se tornando o maior apóstata e herege dos tempos modernos, suas idéias foram usadas pelo fascismo e pelo nazismo de Hitler, e até hoje é o filósofo queridinho de parte da elite que vê em suas idéias e filosofias fundamentadas na evolução, conceitos que lhes dão respaldo para massacrar as minorias.



Friedrich Nietzsche nasceu em 1844. Como disse, sua família era protestante, seu avô, pastor, seu pai, um crente fiel, sua mãe também uma crente dedicada e puritana; mas, aos cinco anos de idade, ele perdeu, de uma só vez, o pai e o irmão. Nessa época seu avô já era falecido, de maneira que ele passou a viver num ambiente exclusivamente feminino com sua mãe, avó, duas tias e a irmã.

Nesta época, o pequeno Nietzsche dizia que quando crescesse queria ser pastor protestante.
Numa tentativa de deixar as tristes lembranças do pai de família que se fora, eles se mudaram para a cidade de Naumburg, às margens do rio Saale.
Sua mãe continuou a criá-lo dentro dos ensinamentos da Bíblia, mas ele foi um garoto superprotegido e excessivamente mimado. É provável que este mimo excessivo seja conseqüência de uma tentativa tanto de sua mãe como de sua avó de atenuar o sofrimento do jovem Nietzsche pela perda do pai e do irmão.
Quando adolescente, ele se revelou uma pessoa extremamente sofisticada e ainda tinha grande apreciação pelo estudo da Bíblia, apesar de ter se envolvido em algumas orgias sexuais junto com colegas de escola.
Com apenas 15 anos, em 1858, Nietzsche conseguiu uma bolsa de estudos na escola de Pforta. Lá, leu Byron (1768-1824), escritor boêmio romântico que foi um dos gurus do romantismo.

Em 1867 foi chamado para o serviço militar, mas acidentou-se quando montava a cavalo. Seus músculos peitorais se distenderam e ele sofreu o resto de sua vida problemas de saúde devido a este acidente.
Nietzsche passou e estudar filosofia, influenciado por seu professor preferido, Ritschl. Como era dotado de uma inteligência assombrosa, logo se destacou e com apenas 24 anos foi nomeado professor de Filosofia Clássica em Basiléia e professor de Filologia Clássica da Universidade de Leipzig.

Já na universidade Nietzsche teve contato com as obras de Arthur Schopenhauer que havia falecido em 1860 e as obras de Schopenhauer tiveram tremenda influencia neste início de caminhada de Nietzsche na filosofia. Outro fato importante na sua carreira foi quando fez amizade com um dos seus professores Jakob Burckhardt, este também era amigo do compositor  Richard Wagner, não demorou para que Nietzsche entrasse neste circulo de amizade. Este momento foi importante para que ele se torna-se conhecido do público em geral.

Alguns anos antes o inglês Darwin tinha publicado sua teoria da evolução, mais especificamente em 1859, e tais idéias estavam sendo espalhadas pela Europa naquele período. Foi quando Nietzsche encampou as ideias de evolução. Num primeiro momento ele fazia uma leitura destas idéias a partir dos pressupostos de Schopenhauer, mas depois ele rompeu com tudo, e embarcou de corpo e alma nessa ideia e começou a dizer que um macaco defeituoso gerou a raça humana, e durante esses anos já se dizia ateu.

A grande questão é que Charles Darwin não disse que era o mais forte que sobrevivia, era o mais adaptado, que é totalmente diferente de mais forte, o que Nietzsche estavam fazendo era uma releitura de Darwin conforme suas tendencias e as ideologias que surgiam em sua mente.

Temos também que entender que o final do século 19 foi um período de grande evolução da ciência. Nessa época surgiram os grandes inventos da sociedade moderna como eletricidade, automóvel, telefone etc. e surgiu na mente de Nietzsche a visão da supremacia da ciência sobre a fé. Para ele, a ciência, a razão e a lógica estariam derrubando todos os conceitos religiosos que havia aprendido quando criança.

Ele abraçou a idéia do evolucionismo e passou a dizer que Deus não existia. Em outros momentos afirmava que Deus morrera, numa referência ao fato de que ele já não acreditava em Deus. Começou a dizer, também, que os conceitos e a teologia judaico-cristã são extremamente prejudiciais ao ser humano. Afirmava que as doutrinas cristãs geravam atraso na sociedade.

Nos anos seguintes, Nietzsche rompeu sua amizade com seu professor e com o compositor Wagner e passou a criticar as obras de Schopenhauer. Ele entendia que estas pessoas ainda não tinham captado todo conceito que envolvia o homem de espírito livre. 

Os estudiosos de Nietzsche dizem que a partir de 1876 ele passou a viver a fase da ruptura, quando rompeu com tudo e com todos. Passou a pregar este homem de espírito livre.

Para Nietzsche, homens de espírito livre eram aqueles que jogaram fora todos os conceitos éticos e espirituais das religiões, e principalmente do cristianismo.

No inicio, antes de 1876, Nietzsche era um crítico feroz quanto a hipocrisia da maioria dos cristãos. Mas ele não se limitou a criticar os cristãos que não viviam os ensinos de Cristo, ele na verdade passou a dizer que a compaixão tão propagada por Jesus atrapalhava a evolução. Afinal se Darwin havia dito que o mais forte é quem sobrevive (e na verdade ele não disse desta forma), mas na mente de Nietzsche se é o mais forte que sobrevive e é desta forma que se processou a evolução, então toda a compaixão que Cristo ensinou atrapalharia este processo, pois o morte dos mais fracos é algo natural para que a espécie evolua.

Obviamente isto agradou muito os burgueses que massacravam os trabalhadores no auge da revolução industrial, e Nietzsche caiu nas graças das classes dominantes.

Por acreditar que os valores cristãos eram balela, Nietzsche vivia de forma dissoluta, envolvido em orgias e alguns amores ocasionais; acabou contraindo sífilis. A sífilis conforme evolui começa atacar o sistema nervoso e Nietzsche teve que ser internado. 

Uma de suas últimas obras foi o livro intitulado "Anticristo", e foi escrito neste momento de internação. Em "Anticristo" Nietzsche disse que padres e pastores deveriam ser lançados nas prisões e torturados porque destruíam o homem livre. Ele condena quem se senta à mesa com um sacerdote e diz que pastores deveriam ser lançados no deserto para morrerem de fome.

Também neste foi neste livro que Nietzsche avançou no conceito de "super-homem" Übermensch (além do humano), que ele havia abordado anteriormente no livro Assim Falou Zarathustra de 1883que seria a versão evoluída do homem, o próximo passo da evolução do homem seria o homem livre dos valores cristãos. Para Nietzsche o super-homem seria o seu próprio deus.

Conforme a saúde de Nietzsche piorava, ele passou a se drogar com ópio e haxixe. Foi internado em definitivo na Basiléia e oscilava entre momentos de lucidez e de extrema loucura.

Sua irmã aproveitou de seus momentos de falta de lucidez para roubar os seus direitos autorais, e quando voltou a lucides ele entrou na justiça tentando reaver seus direitos, mas foi em vão. 
Elizabeth Foster, irmã de Nietzsche, que ficara viúva de um anti-semita, acabou ganhando a disputa judicial e passou a lucrar com tudo o que ele escrevera.
Nietzsche morreu louco em agosto de 1900 abandonado no manicômio. 

Apesar do fim trágico ele foi a base da filosofia moderna dessa era da incerteza, no qual se pretende exterminar os valores éticos e morais do cristianismo para se dar lugar a um super-homem que seja seu próprio deus. Mas ele próprio morreu sozinho, sifilítico, louco, internado num manicômio e roubado pela própria irmã.

Nietzsche negou a fé em nome da evolução e da ciência, dizendo que o cristianismo atrapalhava esta evolução. Ele abraçou a teoria da evolução como realidade absoluta, mas hoje, passados quase século e meio que Darwin escreveu a teoria da evolução, nunca se achou um fóssil que comprovasse a teoria da evolução, pelo contrário, fica cada vez mais difícil preencher as lacunas desta teoria que é totalmente equivocada do ponto de vista arqueológico, mas continua sendo ensinada nas escolas como verdade absoluta.





Nietzsche já nos tempos de internação 




Em nossa igreja tem um senhor que amargou a falência de seu negócio nos tempos do "Plano Collor", ele passou grandes dificuldades na vida mas conseguiu dar a volta por cima e criou seus três filhos. Uma vez, conversando, ele me disse: “Se não fosse Deus para me dar forças eu teria enlouquecido”. Então, Nietzsche, que negou a fé em nome da razão, ficou louco, e nosso irmão que preferiu se agarrar à fé permaneceu são.

Mas como disse no início o que me perturba tanto em Nietzsche é o fato de que ele conheceu Deus apenas na teoria, nos ensinos religiosas de sua família.
A grande questão é que o ser humano ainda não entendeu que a religião teorizada, estruturada em dogmas, cheias de conceitos teológicos tem seu valor, mas nada disso substitui o aspecto empírico de nossa religiosidade, isto é, nada substitui a experiência religiosa, a experiência vivida sentida, a fé experimentada. 
A transcendência precisa ser vivenciada e não teorizada. 

A vivencia religiosa de Nietzsche era a teoria ensinada pelos seus pais e os ritos da igreja Luterana, mas quando confrontado com outras teorias ele negou a fé e a transcendência. 

Temos que ensinar nossos filhos que se eles querem ser cristãos, eles precisam ter uma experiência pessoal com Cristo, temos que ensinar que o valor da religião não é o que se sabe mas o que se vive, não é o Deus que se ensina mas o que se conhece pessoalmente. Este é o sentido de "Emanuel" que traduzido quer dizer "Deus conosco". E quando chegarem nas escolas e lhes for dito que viemos da evolução dos símios e que Deus não existe, possam dizer: “Existe, sim, pois eu o conheço pessoalmente”.


Perguntaram certa vez para o pregador Billy Graham o que ele achava da declaração de Nietzsche que Deus havia morrido. Ele respondeu: “Não morreu. Acabei de conversar com Ele”.

A irmã de Nietzsche manipulou os escritos dele para dar apoio ao fascismo, pois ela era fã de Mussolini. Depois, seus escritos sobre o super-homem foram adaptados e manipulados para apoiar as idéias do arianismo que culminou com a chegada ao poder, na Alemanha, de Adolf Hitler. 

Nietzsche morreu doente e louco e Hitler, seu super homem, assassinou milhares de pessoas numa guerra sangrenta e nos campos de concentração. Terminou derrotado e cometeu suicídio.

Um fim muito triste para alguém que se auto-intitulava “Übermensch ”.

Marcus Azen
(Este Texto foi produzido como artigo para o "Jornal Batista" tendo sido publicado neste periódico em 2005)

Nenhum comentário:

Postar um comentário