terça-feira, 10 de dezembro de 2019

A CONTRIBUIÇÃO DO ENSINO DE HISTÓRIA NA APRENDIZAGEM E NA FORMAÇÃO SOCIAL DO ALUNO.

1. INTRODUÇÃO.
 Diante da complexidade do Ensino de História e da sua importância no currículo escolar optamos por estudar A Contribuição do Ensino de História na Aprendizagem e na Formação Social do Aluno, com a finalidade de conhecer e refletir sobre como está sendo trabalhado o Ensino de História na escola e se existe uma relação com a realidade social do Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 2 educando. Partindo dessa reflexão buscaremos informações a respeito, para que possamos de alguma forma contribuir significativamente no assunto mencionado. Concordamos com Nemi (2009), que não é de hoje que o ensino de história nas escolas, assim como a geografia são vistas como matérias decorativas, em que os alunos reproduzem mecanicamente os conteúdos repassados pelos professores. Com isso tentaremos indagar alguns conceitos que envolvem o ensino e a aprendizagem de história com o intuito de compreender essa prática do ensino na instituição escolar, porque existem professores que atuam na educação sempre com as mesmas metodologias, ou seja, ficam acomodados. Entende- se que a educação é o fator primordial na formação do indivíduo na sociedade, e essa muitas vezes não atende as necessidades de todos os indivíduos, pois ela acaba sendo privilégio das classes dominantes. Diante desses questionamentos temos como objetivo conhecer a realidade sociocultural do espaço escolar e de que forma os educadores atuam em meio a essa diversidade que reflete na educação. Com base nos autores como Saviani (1997), Pimenta (2006), Ribeiro (2001), Procuraremos também compreender qual o papel da escola em relação à formação educacional do aluno se ela valoriza o contexto social do mesmo, trabalhando as diferenças das mais diversas maneiras para que possa envolver todos nas atividades propostas. Com isso, buscaremos observar se a escola está realmente contribuindo para uma formação social significativa, independente da classe social como questões étnicas, religiosas, políticas e culturais, porque o espaço escolar deve formar cidadãos não apenas como mão- de- obra, mas sim como um ser pensante, capaz de desenvolver suas habilidades. Nossas indagações tiveram como base um estudo de caso realizado em uma escola pública de Parnaíba-PI, na qual conhecemos sua estrutura física, setor administrativo e pedagógico, funcionários, a metodologia de ensino de uma das professoras em relação à disciplina de história. O contato com essa instituição nos possibilitou mais informações a respeito do nosso tema, em que realizamos entrevistas semi-estruturadas e observações, além de estudarmos algumas bibliografias relacionadas a essa temática como Freire (2010), Nemi (2009), Demo (2009), possibilitando- nos um conhecimento mais amplo a fim de que possamos fazer uma relação do assunto abordado tendo um embasamento teórico que nos Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 3 auxiliou nesse estudo, nos permitindo fazer reflexões pedagógicas que respondam concretamente as nossas indagações. Na maioria das escolas o Ensino de História é compreendido como o estudo do passado como o surgimento da escrita, os primeiros meios de comunicação, o modo de vida dos homens ágrafos e outros. No entanto, não devemos esquecer que o contexto histórico está sempre em transformação e que o homem é o ser pensante que interage constantemente com seu tempo e espaço. Concordando com Ribeiro (2001), o professor como mediador do conhecimento pode trabalhar partindo de um confronto entre o particular e o geral, o próximo e o distante, contribuindo para uma atividade docente que valorize primeiramente a realidade concreta, para posteriormente envolver as situações abstratas. Debater sobre o ensino de História é compreender sua contribuição na vida social do indivíduo levando em consideração suas características próprias, sabe-se que o ambiente escolar é um micro sistema da sociedade que envolve uma diversidade bastante complexa de pensamentos, costumes e ideais diversos, porém a escola também deve respeitar e valorizar a singularidade de cada ser humano, pois cada pessoa tem habilidades e capacidades diferentes e são essas diferenças que formam nossa sociedade com os mais diversos valores sociais. A respeito dessa temática levantamos os seguintes questionamentos sobre o Ensino de História nas escolas. Qual a contribuição da história para a realidade social dos alunos? Existe uma relação entre o antigo e o atual? A escola envolve a comunidade, valorizando suas características sociais, culturais, econômicas e políticas? Com isso, analisamos detidamente do geral ao particular nossas indagações na tentativa de respondê-las ao longo do nosso discurso que foi concretizado através de pesquisas, leituras, observações, etc. Compreendemos também, que estudar a história nos remete um estudo da nossa própria realidade social, uma vez que a história não se refere somente a acontecimentos passados, pois toda ação humana tem um valor histórico que pode e deve ser conhecido, valorizado e transmitido as futuras gerações. Quando nos referimos ao Ensino de História, percebemos que a escola deve atuar em parceria com a comunidade, família, educadores e principalmente com os alunos, porque eles são os mais interessados. Como afirma Hengemuhle (2010), “Trazer nos projetos pedagógicos Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 4 das instituições uma reflexão coletiva sobre como o ser humano aprende e a partir de que ele se motiva parece- nos fundamental se queremos gerir uma escola para pessoas e não para cadeiras e carteiras”. Logo, a educação deve ser voltada para os alunos, atendendo as suas singularidades, por isso as instituições devem elaborar seus projetos pedagógicos segundo a realidade e cultura do público a ser atendido, caso contrário os discentes não sentiram estímulo em frequentar a escola, daí não terá mais sentido a existência do espaço escolar. 2. A EDUCAÇÃO E ALGUNS ASPECTOS HISTÓRICOS De acordo com Aranha (2006), os estudos sobre a História da educação enfrentam as mesmas dificuldades metodológicas do Ensino de História. Cabe afirmar que desde o século XX a educação era tradicional, sendo o professor o centro, isto é o detentor do conhecimento, logo esses conhecimentos eram repassados de maneira passiva aos alunos, Será que desse modo a escola estava formando cidadãos críticos capazes de refletir sobre seus atos? Diante das análises vimos que as pessoas estavam apenas reproduzindo o que lhes eram ensinados de forma mecânica. Portanto, observando a educação no século XXI afirmamos que não há muita distinção, porque o setor educacional mantém um aspecto regressivo, pois o capital influencia na formação de pessoas capacitando os melhores e separando a classe dominante da menos favorecida de modo que a classe oprimida não consegue usufruir dos mesmos direitos como o ingresso no ensino superior, sendo que o maior número de vagas é ocupado pelas pessoas que possui poder aquisitivo elevado. Com isso, Freire (1979) nos remete a uma reflexão que “Uma sociedade justa dá oportunidade às massas para que tenham opções e não a opção que a elite tem, mas a própria opção das massas.” Pautada nessa afirmação, compreendemos que o acesso a educação deve ser um direito de todos, embora as oportunidades sejam distintas a cada classe social, mas que os mesmos possam ocupar seu espaço. Dessa maneira, a escola tem não apenas a função de preparar os cidadãos para o mercado competitivo do trabalho, mas formar pessoas para a cidadania, ensinando os valores que permeiam na sociedade, sobre tudo quando se pensa em igualdade e justiça social, o Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 5 professor também é importantíssimo nesse processo, por isso como um mediador de saberes ele precisa ter compromisso com sua profissão, trabalhar em conjunto com os demais educadores, para que se concretize de fato uma educação de qualidade, que avalie o aluno como ser pensante, sem desprezar seus conhecimentos prévios. Entretanto não devemos nos esquecer de refletir sobre as contribuições das tendências pedagógicas na educação, a tradicional como já mencionamos anteriormente o professor era o centro, enquanto que na escola nova a relação professor-aluno era mais interativa, ou seja, havia um dialogo entre ambos, pois nessa tendência o professor deixa de ser o centro e passa a ser o mediador do conhecimento. Já na Tecnicista, a escola estava mais voltada para qualificação profissional, onde os alunos eram preparados para atuarem no mercado de trabalho. Desse modo podemos dizer que a educação hoje embora de forma atualizada, ainda apresenta características dessas tendências. Segundo Saviani: Compreendida a natureza da educação nós podemos avançar em direção à compreensão de sua especificidade. Com efeito, se a educação, pertencendo ao âmbito do trabalhado não–material, tem a ver com idéias, conceitos, valores, símbolos, hábitos, atitudes, habilidades, tais elementos, entretanto, não lhe interessam em si mesmos como algo exterior ao homem. (1997, p. 17). Quando o autor fala da especificidade da educação trata-se de compreendê-la como um elemento de formação individual e social do sujeito, sendo que a escola deve contribuir para uma educação capaz de valorizar o contexto social do individuo levando em consideração a sua experiência de vida, pois cada pessoa possui seu próprio currículo, ou seja, o conhecimento que cada ser traz consigo, sendo esse fundamental na construção da identidade e autonomia do cidadão. Outro ponto a ser discutido é como os professores lidam com os alunos em sala de aula, logo é fundamental a conscientização de que não é por está na posição de educador, que o mesmo deva desvalorizar aqueles que ainda se encontram na condição de educando. Concordando com Freire (1979): “O educador não pode se colocar na posição do ser superior que ensina um grupo de ignorantes, mas sim na posição humilde daquele que comunica um saber relativo a outros que possuem outro saber relativo.” Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 6 Partindo dessa afirmação, cabe dizer que o ato de ensinar está relacionado com o conhecimento do outro, pois não há conhecimento acabado ele está em constante transformação, logo é na troca de informações que o conhecimento é construindo, portanto todos são aprendizes seja professor ou aluno ambos estão aptos a ensinar e aprender. Quando falamos de educação não nos referimos apenas à prática de ensino escolar porque a educação está presente em todos os ambientes sejam eles formais ou informais, com isso devemos saber que para uma boa educação é necessário uma motivação e isso nem sempre encontramos nas salas de aula, seja por parte do professor ou do aluno. 3. A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE SOCIAL DO ALUNO A educação por meio de seu caráter formador consegue de certa forma dominar a sociedade, que está cada vez mais exigindo da população qualificação, mas para que esses objetivos sejam alcançados é fundamental que todos tenham acesso a essa educação e aqueles que já têm esse acesso não fique na mera reprodução desses conhecimentos. Desse modo torna- se necessário que os profissionais, principalmente os professores dêem continuidade a sua formação para que esses possam contribuir significativamente na formação do educando. Da leitura dos artigos e relatórios, verifica- se que se privilegia uma perspectiva construtivista na aprendizagem da didáctica, o que remete para o papel do professor concebido não como mero transmissor do saber, mas como facilitador e gestor das aprendizagens e mobilizador dos recursos. Esta concepção exige dos alunos uma participação activa na construção do seu conhecimento, o que tem levantado algumas reacções iniciais. (ALARCÃO, 2006, p. 176). A autora faz referência à prática pedagógica do educador transformador, que adota uma metodologia construtivista em sala de aula possibilitando aos alunos uma interação dialógica, favorecendo um ensino aprendizagem mais dinâmico e inovador. Espera-se que o professor seja capaz de atribuir aos discentes um caráter crítico e reflexivo a partir do seu papel individual e social. Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 7 Ressaltamos que para que aconteça de fato uma aprendizagem satisfatória do Ensino de História devemos privilegiar o ser humano e sua complexidade como um aspecto relevante no processo educacional. Conforme Catão (1995) “[...] a garantia da humanização histórica, que não se verifica senão na comunidade, pois na história o ser humano não se pode realizar sozinho, mas só se realiza como membro da comunidade, trazendo para a comunidade, especialmente para os mais jovens, as gerações futuras, a contribuição de sua própria humanização.” Sob esse ângulo, afirmamos que o conhecimento histórico é adquirido por todo e qualquer tempo ou espaço que existam pessoas interagindo. Quando falamos da prática de ensino sempre imaginamos o professor como aquele capaz de promover ao aluno uma aprendizagem significativa, e quando se trata do professor de história sua função torna- se bastante relevante na construção do conhecimento histórico para que a partir desse conhecimento o mesmo faça uma reflexão do seu contexto, sendo capaz de distinguir acontecimentos de ações passadas que contribuem ou influenciam no presente de forma concreta. O professor de história deve compreender que o tempo vivido do aluno é parte da sua própria história de vida, sendo que através desse aspecto o aluno deve ampliar seus conhecimentos. Como afirma Alves: Em oposição ao conhecimento- verdade encontrado e, portanto, cristalizado, afirmamos o conhecimento como formas diferentes de apreensão do real por sujeitos diferentes, como verdades buscadas e, portanto, em movimento. (2008, p. 76). Sob o prisma dessa reflexão, entende- se que a aquisição do conhecimento é adquirida de formas distintas que variam no tempo e espaço, no qual o sujeito vai se apropriando das informações, e consequentemente construindo o seu modo de ser, pensar e agir enquanto ser social. Geralmente na escola a história é vista como acontecimentos passados que tiveram como marco histórico datas, heróis, cidades, países, sendo esses na maioria das vezes o foco central do ensino, onde são valorizadas ações passadas e que em determinados momentos o aluno não vem a ser questionado, porque os professores ficam presos aos conteúdos dos Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 8 livros, deixando de lado o conhecimento de mundo do aluno ao invés de trabalhar assuntos que envolvam sua realidade, relacionando-a com contextos passados. A formação do professor reflete muito no conhecimento do aluno, pois quando esse é um educador atualizado ele de certa forma tem maior capacidade de oferecer uma educação mais adequada aos seus alunos, ensinar historia nos remete a uma reflexão das nossas próprias ações cotidianas sejam elas coletivas e individuais. Levando em consideração as ideias de Demo sobre o conceito de história: O que acontece na história é historicamente condicionado, e por isso não se produz o totalmente novo que não tivesse condicionamento histórico, pois já seria um ato de criação, do nada, introduzindo na historia condições não históricas. (2009, p. 90). A partir dessa reflexão percebemos que a realidade do ensino de história valoriza muitas questões passadas como únicos e verdadeiros acontecimentos históricos, deixando muitas vezes de construir o conhecimento concreto a partir do que já existe sem desvalorizar as informações historicamente construídas. Contudo cabe afirmar que alguns professores acabam não utilizando desse conhecimento da forma adequada, isto é não possibilitam ao aluno uma visão de mundo própria do seu contexto. O professor deve trabalhar de acordo com a realidade social do aluno, levando em consideração o espaço onde a criança vive sua cultura local, seus costumes, o tempo vivido e construído, enfatizando os diversos tipos de profissões, moradias, costumes, cultura e economia atuais e antigas relacionando suas semelhanças e diferenças, além de mostrar suas transformações ao longo do tempo e como suas características se fazem presentes atualmente em meio a tantas mudanças que o mundo globalizado e capitalista acaba influenciando ou interferindo na sociedade direta ou indiretamente. Antes da existência humana, existe a sociedade e a História sendo que ao entrarmos em contato com o mundo passamos a receber diversas instruções que são construídas ao longo do tempo. À medida que o sujeito se desenvolve como ser no meio social ele passa a interagir consigo, com o outro e com o mundo onde é capaz de intervir no espaço em que vive levando Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 9 em consideração as diferentes épocas e locais, sendo que o aluno deve perceber as modificações constantes no tempo e espaço identificando suas semelhanças e distinções. De acordo com Nemi: O conhecimento é construído a partir da internalização dos conceitos aprendidos culturalmente por intermédio da interação com o outro. Por isso, a escola deve criar situações de aprendizagem em que as crianças troquem experiências e, em seguida, com a coordenação do professor, sistematizem as trocas realizadas. (2009, p. 41). Valorizando esse aspecto, reforçamos a importância da mediação do professor como agente transformador do saber, que em conjunto com o aluno possa ampliar o conhecimento, seja ele informal ou formal no meio interno e externo do ambiente escolar. Quando a escola tem a capacidade de estabelecer uma relação entre o tempo vivido e historicamente construído, desse modo é bem provável que o aluno compreenda o valor cultural, social e étnico, como valores essenciais a vida humana. Partindo dessa reflexão o professor pode promover ao aluno um conhecimento que vise à apropriação do seu papel como ser social, apto a criar, expor e construir seus conceitos de mundo, interpretando cada situação histórico do seu meio. No mundo em que vivemos, torna-se cada vez mais comum a transformação da ação humana diante da sociedade, em relação às mudanças e necessidades enfrentadas pelo homem na luta pela sobrevivência de uma vida melhor, que se aproxima ao patamar social da classe dominante. Segundo Nemi (2009), “a trajetória dos homens na história produziu diversas formas de vida e transformou-as à medida que conhecimentos foram aprimorados e que surgiram novas dificuldades a serem enfrentadas. Essas alterações, no entanto, nem sempre levaram a um progresso efetivo e a uma sociedade mais justa para todos.” Partindo da ideia de que a História reflete também na formação do sujeito, ele vai progredindo em relação aos conhecimentos que aos poucos vão sendo modificados, possibilitando-os a transformarem sua vida, porém essas mudanças nem sempre influenciam em uma igualdade social justa e que favoreça a sociedade coletivamente. Campina Grande, REALIZE Editora, 2012 10 4.

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

INDUSTRIA CULTURAL

O termo Indústria Cultural (do alemão, Kulturindustrie) foi desenvolvido pelos intelectuais da Escola de Frankfurt, especialmente Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor Adorno (1903-1969).
A expressão surgiu na década de 1940, no livro “Dialética do Esclarecimento: Fragmentos Filosóficos”, escrito pelos autores citados acima em 1942 e publicado em 1972.

Conceito e Principais Características

O termo designa o fazer cultural e artístico sob a lógica da produção industrial capitalista.
Possui como corolários o lucro acima de tudo e a idealização de produtos adaptados para consumo das massas.
Vale destacar a influência marxista desta interpretação, a qual pressupõe a economia enquanto "mola propulsora" da realidade social.
Na Indústria Cultural, se fabricam ilusões padronizadas e extraídas do manancial cultural e artístico. Estas se mercantilizam sob o aspecto de produtos culturais voltados para obter lucro.
Além disso, tem o intuito de reproduzir os interesses das classes dominantes, legitimando-as e perpetuando-as socialmente.
Assim, ao submeter os consumidores à lógica da Indústria Cultural, a classe dominante promove a alienação nas dominadas.
Como resultado, torna os dominados incapazes de elaborarem um pensamento crítico que impeça a reprodução ideológica do sistema capitalista.
Por outro lado, o aperfeiçoamento tecnológico da Indústria Cultural permitiu que se perpetuasse o desejo de posse pela renovação técnico-científica.
Ademais, qualquer comportamento desviante das necessidades do consumo é combatido e tratado como anormal pela Indústria Cultural.
cultura popular e erudita são simplificadas e falsificadas para se transformarem em produtos consumíveis.
Isso provoca a decadência das formas mais originais e criativas de fazer cultura e arte.

Indústria Cultural e Cultura de Massa

Televisão x Livros
Quem estimula mais o cérebro: a televisão ou o livro?
Inicialmente, devemos salientar que a Indústria Cultural e os meios de comunicação em massa, bem como as ferramentas de propaganda (publicidade, marketing), são inseparáveis e indistintos.
Serão estes veículos e ferramentas os responsáveis pela criação e manutenção da crença de “liberdade individual”.
Livre de qualquer padronização, eles proporcionam o sentimento de satisfação pelo consumo, como se a felicidade pudesse ser comprada.
Na maioria das vezes, os produtos adquiridos não fornecem o que prometem (alegria, sucesso, juventude). Assim, eles iludem facilmente o consumidor, prendendo-o num ciclo vicioso de conformismo.
Postado por Irany Dicaprio.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Teoria do conhecimento

Para os amiguinhos do 1 ano do capb.
teoria do conhecimento, ou gnosiologia, é uma área da filosofia voltada para a compreensão da origem, natureza e a forma que tornam possível o ato de conhecer pelos seres humanos.
Como disciplina da filosofia, a teoria do conhecimento surgiu na Idade Moderna, tendo como fundador o filósofo inglês John Locke.
Gnosiologia ou gnoseologia (do grego gnosis, "conhecimento", e logos, "discurso") está relacionada ao ato de conhecer, a partir da relação entre dois elementos:
  • o SUJEITO - aquele que conhece (ser cognoscente)
  • o OBJETO - aquilo que pode ser conhecido (cognoscível)
Partindo dessa relação, é possível conhecer algo e estabelecer formas distintas para o conhecimento, ou melhor, para a apreensão do objeto.
Pac Man - Relação sujeito-objeto
A apreensão do objeto pelo sujeito

Formas de Conhecimento

Diversas são as possibilidades de compreender ou de explicar algum fenômeno. A própria Filosofia nasce da necessidade de buscar um modo diferente de compreender o mundo. As explicações dadas pelos mitos deixaram de ser suficientes e alguns homens buscaram uma forma mais segura e confiável, a Filosofia.
Quando falamos sobre formas de conhecimento podemos falar de:
O saber filosófico se diferencia dos outros saberes por conta das especificidades de cada um deles. Por seu caráter lógico e racional, a filosofia afasta-se da mitologia e da religião por esses saberes estarem baseados na crença e não há provas ou demostrações.
Por seu caráter universal e sistemático, afasta-se do senso comum porque este trabalha baseado em experiências particulares.
E, por não possuir um objeto de estudo específico como as ciências (por exemplo, a química, a física, a biologia, a sociologia, etc.), o saber filosófico possui uma forma específica em meio aos diversos tipos de conhecimento.
A filosofia se preocupa com a totalidade dos saberes e dentro desta totalidade está a teoria do conhecimento.

A Epistemologia

A filosofia nasce do questionamento e da busca de uma forma lógico-racional para explicar a origem do mundo. Os primeiros filósofos questionaram as explicações fantasiosas dadas pelos mitos e buscaram alcançar um novo tipo de saber a partir de seu espírito crítico.
“De fato, os homens começaram a filosofar, agora como na origem, por causa da admiração, na medida em que, inicialmente, ficavam perplexos diante das dificuldades mais simples; em seguida, progredindo pouco a pouco, chegaram a enfrentar problemas sempre maiores.” (Aristóteles, Metafísica, I, 2, 982b12, trad. Reale)
Da admiração que nasce, nas palavras de Pitágoras, o "amor pelo conhecimento" (philo + sophia). A atitude filosófica consiste em olhar para o que há de mais comum e habitual como se fosse algo inédito a ser descoberto.
Sócrates ganhou o título de "pai da filosofia", mesmo não sendo o primeiro filósofo. Sistematizou a atitude filosófica como o a busca por um conhecimento válido, seguro e universal capaz de agir com uma base teórica para novos saberes e da consciência filosófica.
E foi seu discípulo Platão que, ao longo de sua obra, buscou definir dois tipos de saberes distintos: a doxa ("opinião") e a episteme ("conhecimento verdadeiro"). E, a partir daí, ao falarmos de conhecimento, estamos direcionados às questões gerais relativas ao conhecimento verdadeiro, o conhecimento científico, a Epistemologia.
O estudo sobre o conhecimento científico possui uma subdivisão que se refere à Lógica e a Teoria do Conhecimento. E é a teoria do conhecimento que será tratada com mais atenção aqui no texto.

O Conhecimento e os Objetos

É importante compreender que teoria do conhecimento não trata da apreensão de cada objeto especificamente, mas das condições gerais para o conhecimento humano e sua relação com tudo aquilo que pode ser conhecido (a totalidade dos objetos).
Como dito anteriormente, a teoria do conhecimento não se ocupa dos saberes específicos, por exemplo, o saber sobre política, futebol, artes ou química, mas em compreender como opera o ato de conhecer.
Para isso, é preciso perceber que o objeto a ser conhecido possui dois aspectos centrais. Existe fora da mente humana, mas, por outro lado, pode ser entendido como a própria mente humana dando sentido à realidade.
A relação do ser cognoscente com o objeto cognoscível produz uma série de saberes que chamamos de conhecimento.
Deste modo, ao longo da tradição filosófica, foram dadas diversas explicações para a pergunta "o que é o conhecimento?". Temos aqui alguns exemplos de respostas dadas a essa pergunta.
Quanto à possibilidade do conhecimento:
Corrente FilosóficaPontos-Chave
DogmatismoAcredita que tudo pode ser conhecido. A relação com o conhecimento se dá a partir de verdades inquestionáveis (dogmas) orientadas pela razão. Tudo pode ser conhecido.
CeticismoCompreende que o sujeito não dá conta de apreender o objeto. Há limites para o conhecimento e para a razão humana. É impossível um conhecimento total.
Quanto à origem do conhecimento:
Corrente FilosóficaPontos-Chave
RacionalismoO conhecimento tem origem na razão. Todo o conhecimento tem por base a Razão. Os sentidos nos enganam.
EmpirismoO conhecimento tem origem na experiência. É a partir dos sentidos e das percepções que nos relacionamos com o mundo e podemos conhecer alguma coisa.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

O governo Lula

governo Lula compreende os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2010.
Sua administração tirou milhares de pessoas da pobreza absoluta, porém foi marcada por casos de corrupção como o mensalão.
Apesar disso, Lula conseguiu eleger sua sucessora, a ex-ministra Dilma Rousseff.

Economia no Governo Lula

O governo Lula continuou a política econômica do seu antecessor, o presidente Fernando Henrique Cardoso. Manter a inflação controlada e o real estável seguiu sendo a prioridade do governo.
Lula e FHC durante a posse em 2003
Lula e FHC durante a posse em 2003
Lula também contou com o cenário exterior favorável quando a China e a Índia começaram a crescer, abrir seus mercados e consumir mais. Isto gerou o aumento de exportação de matérias-primas e das commodities brasileiras.
Igualmente, quando a crise econômica começou em 2008 nos Estados Unidos e na Europa, o Brasil não foi tão atingido. O governo diminuiu certos impostos, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que tributa sobre os eletrodomésticos, por exemplo.
Assim, as indústrias não repassaram o aumento para o consumidor fazendo com que o mercado interno ajudasse a manter a economia brasileira estável.
Por causa desta crise e do bom momento que atravessava a economia brasileira, empresários e trabalhadores estrangeiros começaram a vir ao Brasil para investir e tentar a vida por aqui.
Neste período, também foram realizados os Jogos Pan-americanos (2007) com vistas a conquistar o direito de sediar os Jogos Olímpicos.
O Brasil conseguiu ter aprovada sua candidatura para realizar a Copa do Mundo (2010), os Jogos Militares (2011), os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (2015), e as Olimpíadas e Paraolimpíadas (2016).
A construção de estádios e infraestruturas necessárias para abrigar estes eventos impactaram positivamente na economia local. Do mesmo modo, contribuíram para projetar a imagem de um Brasil próspero e estável no exterior.

Programa de Aceleração do Crescimento

Em 2007, o governo lança o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) com o fim de incrementar as infraestruturas do país.
O presidente Lula escolhe a ministra Dilma Rousseff para estar à frente deste plano e assim aumentar sua visibilidade e ter condições de construir uma candidatura forte nas eleições presidenciais de 2010.
Mais tarde, o programa foi desdobrado a fim de alcançar outras áreas que necessitavam atenção, como a infância, habitação e cidades históricas. A verba para custear estes programas viria do governo federal e de empresas privadas.
Estas empreiteiras, para conseguir contratos e vencer licitações, pagavam subornos a deputados e senadores. Em certas ocasiões, os próprios políticos cobravam algum tipo de propina para liberar obras. Isto se tornaria um dos maiores escândalos do governo Lula que seria descoberto durante o governo Dilma.

Programas Sociais no Governo Lula

No seu discurso de posse em 2003, o presidente Lula lembrou que vários cidadãos brasileiros ainda não eram capazes de fazer três refeições por dia. Por conseguinte, ele convocava todos a se unirem ao combate contra a fome.
Assim, o governo pôs em marcha vários programas sociais, cuja grande estrela seria o Bolsa-Família (2004) onde a renda era transferida diretamente para as famílias.
Os beneficiados deveriam cumprir certos requisitos, como ter renda mensal de 85 a 175 reais, ter gestantes ou filhos de 0 a 17 anos entre os membros familiares. O valor recebido pelas famílias variava entre 35 a 176 reais mensais. Em contrapartida, a família se comprometeria em manter os filhos na escola e ir ao médico regularmente.
Este programa foi um dos maiores êxitos do governo, pois a pobreza extrema foi reduzida em 75% no Brasil, entre 2001 e 2014, segundo dados da FAO.
Embora tenha sido criticado pela oposição como clientelista, o fato é que muitas famílias puderam ter acesso a alimentos, material escolar e roupas pela primeira vez.

Educação no Governo Lula

Para a educação, o governo Lula preparou um plano onde se buscava democratizar o acesso à escola em todos os níveis e em todo território nacional. Foi instituído o Fundeb (2007) a fim de auxiliar o financiamento e a expansão da educação básica.
No ensino superior promoveu a ampliação de bolsas para o mestrado e o doutorado, com o intuito de aumentar em 5% o número de professores qualificados das universidades.
O acesso das camadas mais pobres da população ao ensino superior foi ampliado através do sistema de cotas sociais e raciais adotado por 20 universidades federais de 14 Estados.
Em 2009, foi criado o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que escolhe alunos para vagas em universidades federais através da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Com isso, um estudante de qualquer estado do país teve a oportunidade de cursar uma universidade federal de outro, sem a necessidade de fazer mais um exame.
O governo ainda abriria 14 novas universidades federais para aumentar as vagas. Entretanto, ao mesmo tempo, permitiu que as universidades privadas crescessem graças aos programas de financiamento de bolsas públicas em universidades particulares através do Prouni (Programa Universidade para Todos) criado em 2005.

Política Externa no Governo Lula

No campo da política externa, o governo Lula fez promoveu visitas a vários países. Também participou de Fóruns internacionais como o de Davos e o G-20, onde Lula apoiou a entrada da Rússia neste organismo.
Além disso, manteve uma agenda de cooperação com países como a China, Índia, Rússia e África do Sul, que resultou na aliança econômica BRICS.
Nas relações internacionais foram privilegiados os países da América do Sul através do acercamento estratégico entre os presidentes Lula, Néstor Kirchner e Hugo Chávez. Esta aliança tinha objetivos mais pragmáticos – construções de refinarias, investimentos na Argentina – que ideológicos.
Néstor Kirchner, presidente da Argentina, Lula e Hugo Chávez, da Venezuela, em 2006
Néstor Kirchner, presidente da Argentina, Lula e Hugo Chávez, da Venezuela, em 2006
A África também foi um alvo excepcional para o presidente como atestam as 19 embaixadas abertas neste continente, seguido de um incremento nas trocas comerciais. Em 2002, o intercâmbio do Brasil com o continente somava US$ 5 bilhões; em 2008, passou para US$ 26 bilhões.
Lula também perdoou a dívida externa de vários países africanos, entre os quais a Nigéria, a fim de promover a cooperação Sul-Sul.
Todas essas medidas tinham como objetivo forçar uma reforma na ONU e alcançar um assento permanente no Conselho de Segurança deste órgão.
Apesar do esforço, o Brasil não obteve o desejado posto, mas viu suas trocas comerciais aumentarem com quase todos os países com os quais mantinha relações.
No final do seu mandato, Lula protagonizaria o momento mais polêmico de sua política externa ao receber em Brasília o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em 2009.

Escândalo de Corrupção: Mensalão

mensalão era um sistema de pagamentos ilícitos que o governo federal usava para garantir o apoio dos deputados e senadores nas votações de leis e emendas favoráveis ao governo.
O esquema foi descoberto através de uma filmagem realizada por câmara escondida quando um diretor dos Correios explica a dois empresários como eram fraudadas as licitações. Deste esquema participaria o deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson, que era aliado do governo.
A partir deste momento foram realizadas uma série de investigações e instituídas CPI (Comissão Parlamentar de Inquéritos) que salpicaram vários aliados do governo Lula.
O próprio deputado Roberto Jefferson acusou o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, de realizar pagamentos a alguns deputados do Congresso Nacional. Esses pagamentos foram chamados de "mensalão", pois eram efetuados mensalmente.
As denúncias derrubaram o ministro da Casa Civil, José Dirceu; e o deputado Roberto Jefferson foi declarado inelegível por 10 anos.

Outro deputado do PT, João da Cunha, foi acusado de participar dessa trama, mas renunciou ao mandato de deputado antes que fosse formalizada qualquer acusação contra ele.